Por RODRIGO DIAS
Cerca de 300 crianças e adolescentes que integram o projeto social Léo Moura, no Conjunto Residencial Macapaba, estão sendo impedidos de utilizar uma arena esportiva inaugurada pela Prefeitura de Macapá, o que tem gerado revolta entre pais e coordenadores da iniciativa.
Segundo relatos de mães, o impedimento estaria ligado à vinculação do projeto a lideranças políticas de oposição à atual gestão municipal — transformando um espaço público em palco de disputas partidárias que acabam penalizando os jovens atletas.

Atualmente, os treinos acontecem …

… em um terreno improvisado, que precisou ser aterrado com areia para melhorar as condições mínimas de uso. Fotos: Rodrigo Dias
A arena, entregue em junho de 2024 e construída com recursos de emenda do senador Lucas Barreto, permanece trancada na maior parte do tempo, conforme relato de Emerson Pimentel, morador do habitacional e coordenador do núcleo do projeto Léo Moura na comunidade.
“Como cidadão, me sinto muito constrangido, enquanto pagador de impostos e como alguém que tenta desenvolver um trabalho social no residencial Macapaba através do futebol. Nossas crianças estão sendo impedidas de acessar uma arena que está constantemente fechada”, desabafa Pimentel.
Ele afirma que já procurou a Secretaria Municipal de Esporte e Lazer (Semel) e oficializou um documento explicando a atuação do projeto, mas recebeu uma resposta negativa.
“Disseram que a arena funciona das 8h às 18h, de segunda a sexta, mas isso não acontece. Ela vive fechada a maior parte da semana. Por que não podemos usar?”, questiona.
Atualmente, os treinos acontecem em um terreno improvisado, que precisou ser aterrado com areia para melhorar as condições mínimas de uso.

Emerson: “Não é justo. Existe um espaço com grama sintética e, por conta de vieses políticos, estão penalizando as crianças”

Mesmo diante das dificuldades …

.. a garotada não desiste dos seus sonhos. Fotos: Rodrigo Dias
“Hoje, as crianças treinam num terreno que era só lama. A gente colocou areia para poder acomodá-las. Mas não é justo. Existe um espaço com grama sintética e, por conta de vieses políticos, estão penalizando as crianças”, lamenta o coordenador.
A situação tem causado grande preocupação entre os familiares dos participantes. Mayana Gomes Monteiro, mãe de dois meninos que fazem parte do projeto, expressa sua frustração.
“Gostaria muito que eles pudessem usar a arena. Ela está sem uso no horário dos treinos. Não é justo com eles. Todas as crianças gostam de jogar, e isso pode representar um futuro para elas”, afirma.

Enquanto crianças sofrem com as micoses

… e feridas causadas pelo campo improvisado …

… o belo gramado sintético da arena construída pela prefeitura …

… permanece maior parte do tempo trancado para as crinças. Apenas outros jogadores têm autorização
Sueli Gama, mãe do pequeno Arthur, conta que o filho tem apresentado feridas e micoses nas pernas e mãos por causa do campo improvisado, frequentado por cães e gatos fora do horário de treino.
“É inadmissível essa situação. As crianças treinando aqui, enquanto existe uma arena. As mães ficam na chuva. Lá tem cobertura, aqui não tem. É uma briga por poder, uma ganância. Se foi a prefeitura que construiu, ótimo, mas construiu para a comunidade. É a comunidade que tem que usar, tem que usufruir. Essas crianças que estão aqui mais tarde são o futuro do Brasil”, desabafa, visivelmente indignada.

Sueli Gama sonha que o filho jogue no gramado sintético …

… longe do campo visitado por cães e gatos à noite

Mayana Gomes Monteiro, mãe de dois meninos do projeto, está frustrada
A comunidade e os responsáveis pelo projeto Léo Moura esperam que a prefeitura reveja sua postura e permita o acesso à arena, priorizando o bem-estar e o desenvolvimento das crianças e adolescentes do conjunto habitacional. Até o momento, a gestão municipal não se pronunciou sobre o caso.