Parentes afirmam ter ‘desenterrado’ objetos pessoais dos 7 mortos pela PM

Para os familiares, pertences haviam sido levados pelos policiais envolvidos na operação após as mortes e agora ‘devolvidos’ clandestinamente
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Por SELES NAFES

Parentes dos sete mortos a tiros pela Polícia Militar do Amapá, na semana passada, afirmam ter encontrado objetos pessoais das vítimas a poucos metros do local onde eles foram alvejados, no bairro Pantanal, zona leste de Macapá. Familiares levantaram suspeitas sobre o possível envolvimento dos mesmos policiais na ocultação e posterior “devolução” dos pertences ao local do suposto confronto.

Na manhã desta segunda-feira (12), os familiares se reuniram para um momento de oração e instalaram sete cruzes no ponto onde o veículo Ônix branco foi abordado e atingido por dezenas de disparos, na Rodovia Aníbal Barcellos.

Durante a homenagem, parentes afirmaram ter recebido informações de que policiais militares haviam estado no local mais cedo e entrado no matagal. Pouco depois, os próprios familiares registraram em vídeos e fotos vários pertences pessoais no local: uma mochila, roupas, meias de futebol, sandálias, bermudas, uma carteira com documentos de um dos rapazes e até cápsulas de projéteis.

Viemos à cena do crime fazer uma oração pelos meninos executados aqui no Pantanal e colocar umas cruzes em homenagem a eles, e encontramos esses documentos enterrados ali embaixo”, disse o pai de uma das vítimas.

Ontem, a mãe do Wendel foi ao Ciosp prestar queixa e falou na televisão que os policiais estavam com os documentos dele. E hoje de manhã esses policiais estavam aqui, fazendo não sei o quê. Agora encontramos documentos, sandálias, bermudas, a mochila do menino… O que eles estavam fazendo aqui de manhã?”, questionou outro familiar.

Amanda Camila reconhece camisa de um dos filhos…Foto: Reprodução

…e ao revelar arrependimentos e pedir justiça no dia do velório. Foto: Marvin Viana

A ação policial aconteceu na madrugada de domingo, 4 de maio. Segundo a PM, a equipe da Patamo recebeu a informação de que o carro transportava integrantes de uma facção criminosa, entre eles Erick Marlon Pimentel Ferreira, que já respondeu por tráfico de drogas. A versão oficial relata que, durante a perseguição, os suspeitos teriam derrubado uma policial de moto e atirado contra a equipe. Todos os ocupantes do veículo foram mortos. Já as famílias acusam a polícia de execução sumária. Os policiais envolvidos foram afastados do patrulhamento.

Amanda Camila, mãe de Erick e de Emanoel Brayan (soldado do Exército), deu entrevista ao Portal SelesNafes.Com durante o velório. Em prantos, ela pediu justiça, afirmou se arrepender de seu passado ligado ao tráfico de drogas e disse acreditar que os filhos pagaram um preço por isso. Hoje, ela também esteve no local e reforçou ter encontrado os objetos.

Sete cruzes colocadas no local

…pai de Thiago (vigilante) mostra porta cédulas

Delegado geral de polícia, Cézar Vieira: polícia investiga objetos

Além de Erick e Emanoel, foram mortos: Wesley Jhonata Monteiro Ribeiro; Cleiton Ramon da Silva Pereira; Wendel Cristian Conceição Wanderley; e o adolescente Max Dias Toloza, de 14 anos.

Procurado pelo Portal SelesNafes.Com, o delegado-geral de Polícia Civil, Cézar Vieira, informou que o delegado responsável pelo caso determinou diligências para verificar se os objetos encontrados são, de fato, das vítimas, conforme alegam os parentes.

“É preciso agora checar em que circunstâncias esses objetos surgiram”, ponderou o delegado.

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