Farmacêutico do Amapá leva saberes amazônicos à Suíça

Sérgio Gabriell, de 22 anos, participa de estágio científico da Novartis em Basileia e transforma conhecimento tradicional em inovação farmacêutica
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Por JORGE ABREU, especial para o Portal SN

Quando Sérgio Gabriell era criança, via sua avó preparar chás com plantas do quintal para curar dores, inflamações e doenças. Essa tradição, enraizada nos saberes dos povos amazônicos — indígenas, quilombolas e ribeirinhos —, despertou nele uma curiosidade que o acompanhou até a vida adulta e impulsionou sua trajetória acadêmica.

Hoje, aos 22 anos, recém-formado em Farmácia pela Universidade Federal do Amapá (Unifap), Sérgio está na Suíça participando do programa internacional Next Generation Scientist 2025, com duração de três meses em Basileia, na sede da farmacêutica Novartis.

Eu sempre tive essa relação muito especial com a questão dos produtos naturais, porque é uma cultura da população geral do Amapá, algo que a minha avó fazia em casa. Sempre fui muito curioso para saber como é que isso funcionava”, contou ele ao Portal SN.

“Agora, eu trabalho na validação da atividade farmacológica de produtos naturais e quero validar cientificamente que eles realmente funcionam. A gente tem comunidades com diversos saberes tradicionais que utilizam plantas para tratar e prevenir doenças, como diabetes”, acrescentou.

Para Sérgio, a floresta amazônica abriga um vasto potencial farmacoterapêutico ainda pouco explorado e debatido pela ciência tradicional. Seu objetivo é transformar esse conhecimento ancestral em soluções modernas de saúde.

Eu transformo plantas da Amazônia em medicamentos. Ou seja, eu consigo transformar um extrato de plantas que as pessoas utilizam para chá em um pó, que será base para fazer um comprimido depois”, explicou.

Aos 22 anos, Sérgio está desde o dia primeiro de junho na Suíça

Na Suíça desde 1º de junho, Sérgio terá até o final de agosto para desenvolver pesquisas nos laboratórios da Novartis, considerada uma das referências mundiais em inovação farmacêutica. O Next Generation Scientist é uma iniciativa da Novartis em parceria com a Universidade de Basileia e seleciona, desde 2011, jovens talentos de países em desenvolvimento para atuar em projetos científicos com mentoria de especialistas.

Na Unifap, Sérgio Gabriell construiu sua trajetória no Laboratório de Pesquisa em Fármacos, sob orientação do professor José Carlos Tavares, doutor pela USP. Com seu retorno ao Amapá previsto para o segundo semestre, ele já foi aprovado para o mestrado em Ciências Farmacêuticas da universidade e quer continuar promovendo a ciência com base nos saberes amazônicos.

“Quero continuar seguindo na carreira acadêmica e mostrar a potência que a gente tem na nossa floresta. Esse conhecimento tradicional não é tão visto. Quero levar, cada vez mais, os saberes da Amazônia para o mundo”, finalizou.

Seles Nafes
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