Delação premiada: ex-braço direito de deputado federal do AP vai contar tudo

Acácio Favacho ao lado do primo Marcos Vinícius, que vai depor na PF na semana que vem e pode entregar detalhes de um suposto esquema milionário de lavagem de dinheiro e desvios de recursos públicos
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Por SELES NAFES

A Polícia Federal pode estar prestes a desencadear um novo terremoto político no Amapá. O epicentro: Brasília. O primo e ex-homem de confiança do deputado federal Acácio Favacho, presidente do MDB no Amapá vai prestar depoimento na semana que vem, em um inquérito que corre em segredo de justiça, e que investiga o parlamentar por envolvimento em um suposto esquema de desvio de verbas públicas e lavagem de dinheiro. Segundo fontes ligadas à investigação consultadas pelo Portal SN, , Marcus Vinícius Baía dos Santos Ferreira sinalizou interesse em colaborar com as autoridades por meio de um acordo de delação premiada.

Marcus, que foi secretário parlamentar do gabinete de Acácio desde julho de 2019 com salário bruto de R$ 7,8 mil, é apontado em Relatório de Inteligência Financeira (RIF) da Polícia Federal como titular de conta envolvida em movimentações suspeitas que somam R$ 2,6 milhões em menos de um ano. 

Segundo o relatório, a movimentação é considerada incompatível com os rendimentos dele e foi feita, em grande parte, com servidores e assessores ligados ao gabinete de Acácio. Dois deles foram intimados a prestar depoimentos após investigação que apontou aumento de patrimônio incompatível com a renda, mas se mantiveram em silêncio durante o interrogatório.

O inquérito contra Acácio Favacho foi autorizado pela ministrada Carmem Lúcia, do STF, em março deste ano, a pedido da delegada Lorena Nascimento, da Polícia Federal. Há fortes indícios, segundo consta na portaria de instauração do procedimento, de movimentações fracionadas, saques em espécie, transferências entre assessores e depósitos em contas de empresas sem lastro, como a GDM2 Empreendimentos, ligada a uma mulher de nome fantasia “Andressa Rodrigues”.

Portaria de instauração do inquérito faz relato sobre suspeitas

Transferências entre assessores

Além de Marcus, outros quatro assessores de Acácio Favacho aparecem em investigações da PF. Todos com movimentações financeiras milionárias entre 2017 e 2020, período em que o deputado exercia mandatos consecutivos. Os nomes envolvem Joaquim Marcelo Gomes Filho, que movimentou R$ 1,3 milhão; Fernando Braga da Silva (R$ 2,3 milhões); Marco Antônio de Oliveira da Costa (11 comunicações de movimentações suspeitas); e Acácio Favacho, identificado como remetente ou destinatário de recursos em seis comunicações de operações suspeitas.

O próprio deputado já foi alvo de investigação em vários procedimentos, alguns desde os tempos em que era vereador e presidente da Câmara de Macapá., segundo relata a delegada na abertura do inquérito autorizado pelo Supremo. Entre as denúncias estão desvio de diárias, formação de quadrilha, uso de empresas de fachada e corrupção em contratos de obras e terraplanagem.

A iminente delação de Marcus Vinícius pode ser um divisor de águas. Fontes indicam que ele pretende revelar detalhes operacionais do suposto esquema, incluindo a logística de movimentação dos recursos, nomes de beneficiários e a articulação para “lavagem” via cargos comissionados, verbas indenizatórias e contratos com empresas fantasmas.

O Portal SN procurou o primo do deputado, mas ele informou que não iria comentar o assunto. O portal também pediu um posicionamento da assessoria de imprensa do deputado e aguarda retorno.

A situação expõe uma ruptura interna na base familiar e política dos Favacho, que é composta por um deputado estadual, um federal, uma vereadora e até um conselheiro do Tribunal de Contas. 

Seles Nafes
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