Por SELES NAFES
Marcus Vinícius Ferreira, primo e ex-braço direito do presidente do MDB no Amapá, deputado federal Acácio Favacho, prestou depoimento à Polícia Federal na manhã desta segunda-feira (28), em Brasília. A oitiva durou cerca de três horas e ocorreu no âmbito de um inquérito que corre sob sigilo. A informação foi confirmada por pessoas próximas ao ex-assessor.
O depoimento foi colhido pela delegada Lorena Nascimento, com início por volta das 8h30 e encerramento pouco depois das 11h. Segundo fontes comsultadas pelo Portal SN, Marcus Vinícius teria confirmado a existência de um esquema de desvio de recursos públicos e lavagem de dinheiro envolvendo o parlamentar e pelo menos quatro assessores.
Ainda de acordo com essas fontes, o ex-assessor relatou que tentou, durante quatro anos, dialogar com o deputado para cobrar dívidas oriundas do suposto esquema. Sem resposta, segundo ele, acabou sendo bloqueado e difamado em grupos de WhatsApp.
A investigação foi motivada por um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), que identificou dezenas de transferências suspeitas entre o deputado e seus assessores, com fortes indícios de fracionamento — prática comum para burlar mecanismos de controle financeiro. Só por uma conta de Marcus Vinícius teriam passado mais de R$ 1,3 milhão em dois anos, apesar do salário de apenas R$ 7 mil como assessor de Acácio.

Advogado Marco Antônio de Oliveira da Costa ao lado do deputado Acácio Favacho
Entre os investigados está o advogado Marcos Antônio de Oliveira da Costa, que, segundo o relatório, movimentou quase R$ 400 mil, mesmo recebendo um salário de apenas R$ 3,4 mil.
O Portal SN não conseguiu apurar quais provas foram entregues por Marcus Vinícius à delegada como parte do acordo de delação premiada, que ainda depende de homologação judicial.
Em março deste ano, a ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal, autorizou a abertura de inquérito contra o deputado Acácio Favacho, a pedido da Polícia Federal, com base no foro privilegiado.