Atualizada às 11h52
Da REDAÇÃO
A Polícia Federal e a Controladoria-Geral da União (CGU) deflagraram nesta terça-feira (22/07) a Operação Route 156 (rota 156, em inglês), para aprofundar investigações sobre um esquema criminoso de direcionamento de licitações e desvio de recursos públicos em contratos de manutenção da rodovia BR-156, no Amapá. A ação não surpreende: operações dessa natureza no Dnit do Amapá já se tornaram recorrentes. Em 2019, por exemplo, dois ex-gestores da autarquia foram presos acusados de cobrar propinas de empreiteiras contratadas para atuar na mesma rodovia.
Agora, o foco está em fraudes em ao menos quatro pregões eletrônicos realizados pela Superintendência Regional do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), que somam mais de R$ 60 milhões em contratos públicos. O atual superintendente, Marcelo Linhares, foi afastado do cargo por decisão da Justiça Federal, junto com uma servidora da autarquia, ambos suspeitos de participação ativa no esquema.
Segundo a PF e a CGU, a organização criminosa montava certames licitatórios simulando concorrência, com propostas fictícias, cláusulas restritivas nos editais e omissões propositais de servidores no dever de fiscalização. Os desvios teriam sido favorecidos por movimentações financeiras atípicas, saques em espécie e suspeitas de lavagem de dinheiro.

Um dos acusados tinha um arsenal e terá o registro de CAC cancelado. Fotos: PF

Superintendente Marcello Linhares foi afastado por determinação judicial

Investigadores e auditores da CGU chegam à sede do Dnit, no bairro Jesus de Nazaré, em Macapá
Portinari
Ao todo, 10 mandados de busca e apreensão foram cumpridos: seis no Amapá, pelo menos um deles na sede do Dnit, no bairro Jesus de Nazaré, região central de Macapá. Três foram cumpridos em Minas Gerais, um no Mato Grosso do Sul e um no Amazonas. Além dos afastamentos, a Justiça determinou bloqueio de R$ 8 milhões em bens dos investigados.
Durante uma das buscas em Macapá, foram apreendidas três pistolas, um fuzil calibre 5.56 e cerca de 250 munições. O investigado é CAC (colecionador, atirador e caçador), e a Polícia Federal informou que iniciará o processo de cassação do registro. Um dos investigados seria segundo ou terceiro suplente de senador, mas essa informação, assim como o nome da servidora afastada, ainda não foram confirmados pelo portal.
Em Nova Lima (MG), a PF encontrou um cenário digno de luxo extremo: três veículos Porsche, 13 quadros de alto valor atribuídos a Guignard e Portinari, além de joias e relógios de grife.
A PF do Amapá, que lidera as investigações, não informou se haverá entrevista coletiva sobre as diligências.
O que diz o Dnit
O órgão alvo da operação se manifestou, por meio de nota, no fim da manhã. Veja o comunicado na íntegra:
“Em relação à operação deflagrada pela Polícia Federal no Amapá e outros estados, nesta terça-feira (22), o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) informa que colabora com a investigação, visando a completa elucidação dos fatos.
As instâncias de integridade da autarquia também estão apurando os fatos a fim de adotar as medidas administrativas que forem necessárias.
O Departamento repudia qualquer prática fraudulenta ou ato de corrupção e conta com uma Política Antifraude e Anticorrupção que, entre outros aspectos, deixa clara essa premissa. O DNIT está em permanente contato com os órgãos de controle e reafirma que pauta sua atuação dentro da legalidade e lisura, respeitando todos os princípios éticos da administração pública.”
Atenciosamente,
Seção de Imprensa e Jornalismo
Coordenação-Geral de Comunicação Social