Shows recebem prioridade e prefeitura reserva R$ 59 milhões para montagem de palcos

Valor milionário homologado pelo prefeito Antônio Furlan cobre apenas palcos e iluminação; MP cobra solução para falta de medicamentos nas UBSs
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Por SELES NAFES

Enquanto a população de Macapá enfrenta dificuldades para encontrar medicamentos básicos nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs) e lida com falhas na coleta de lixo, a Prefeitura da capital homologou, no último dia 11 de julho, uma contratação milionária para a montagem de estruturas de eventos. O valor de R$ 59.190.090,00 foi autorizado pelo prefeito Antônio Furlan (MDB) e será destinado exclusivamente à montagem de palcos, som, iluminação, trios elétricos e banheiros químicos, entre outros serviços, para realização de shows e festividades.

O montante será pago à empresa A.R.V. Neto Ltda, vencedora do Pregão nº 90043/2025. O valor inicial estimado era ainda maior: R$ 78,8 milhões. A contratação não inclui cachês de artistas, que sairão de outras fontes orçamentárias.

O empresário Neto Vila Texana informou o Portal SN que se trata de uma ‘ata de serviços por demanda’, e que a prefeitura não é obrigada a gastar todo o valor. A ata, segundo ele, tem vigência de um ano.

A decisão contrasta com a situação enfrentada pela rede pública de saúde municipal. Nesta semana, o Ministério Público do Amapá cobrou oficialmente da Prefeitura medidas para regularizar o abastecimento de medicamentos e materiais nas UBSs da capital. Durante reunião no Complexo Cidadão da Zona Norte, a promotora de Justiça Fábia Nilci, da Promotoria de Defesa da Saúde, afirmou que o problema se arrasta há pelo menos quatro anos, sem solução efetiva.

“É preciso planejamento baseado na demanda e cumprimento de acordos por parte dos fornecedores. Iremos reunir com a Procuradoria do Município para tentarmos, novamente, resolver estas questões”, declarou a promotora.

Valor em segredo

Reunião entre representantes do MP e da prefeiura sobre falta de medicamentos nas UBSs. Foto: MP/Divulgação

Na mesma reunião, técnicos da Secretaria Municipal de Saúde (Semsa) e da Coordenadoria de Assistência Farmacêutica (CAF) revelaram o caso crítico da Losartana, remédio essencial no tratamento de hipertensão e insuficiência cardíaca. A cidade precisa de cerca de 500 mil comprimidos, mas a última remessa entregue à prefeitura trouxe apenas 70 mil unidades.

A subsecretária da Semsa, Alessandra Coelho, reconheceu os problemas e informou que a pasta está buscando soluções para restabelecer os estoques e normalizar os serviços nas unidades de saúde.

Enquanto isso, o investimento milionário em shows, mesmo diante da crise na saúde e no serviço de limpeza urbana, vem gerando críticas de moradores e especialistas em gestão pública, que cobram maior prioridade nos gastos da administração municipal.

Seles Nafes
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