‘Cabeça de piroca’: promotor do AP é investigado por ofensas a ministro, colegas e advogados

Mensagens em grupo de WhatsApp registradas em cartório mostram insultos a Alexandre de Moraes, comentários sexistas e incentivo a condutas agressivas por novos promotores
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Por SELES NAFES

O Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) instaurou um procedimento disciplinar para apurar a conduta do promotor Horácio Coutinho, do Ministério Público do Amapá, acusado de proferir ofensas graves contra integrantes do sistema de justiça e de utilizar discurso de ódio em um grupo de WhatsApp voltado à orientação de promotores recém-empossados.

De acordo com memorando do conselheiro Moacyr Rey à Corregedoria do CNPM, as mensagens — registradas em ata notarial — revelam que o promotor chamou o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes de “cabeça de piroca” ao criticar uma decisão da Corte. Também há registros de comentários depreciativos e de conotação sexual dirigidos a advogados, defensores públicos, magistrados e aos próprios colegas em estágio probatório.

As conversas ocorreram no grupo “Orientação Criminal – Dr. Horácio”, criado e administrado por ele para orientar colegas em formação. Ele também é assessor da Corregedoria-Geral do MP.

Segundo a documentação enviada ao CNMP, Horácio se referia a investigados e réus como “vagabundos” e estimulava os promotores em formação a adotar posturas hostis contra advogados, defensores e juízes. Em um episódio relatado, ao ser questionado por uma promotora novata, respondeu: “tu fumaste maconha?”.

Prints do grupo criado pelo promotor foram registrados em cartório

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O caso também inclui relatos de misoginia e de uso de termos pornográficos para se referir a réus e autoridades. Em suas mensagens, o promotor afirmava que magistrados “ficam dando lição de moral a vagabundo” e incentivava reações duras em audiências.

Alguns promotores em formação assimilavam o ponto de vista dele.

“Meto sem cuspe. Mestre, você me representa”, respondeu um promotor novato.

Outro trecho do memorando do conselheiro cita assimilação do comportamento por novos promotores e comentário ofensivo a uma colega em formação

O CNMP notificou oficialmente o ministro Alexandre de Moraes, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e a Defensoria Pública do Amapá sobre a abertura da investigação. No último dia 6 de agosto, o corregedor nacional do CNPM, Ângelo Costa, determinou a abertura de reclamação disciplinar contra o promotor do Amapá.

Procurado para comentar o assunto, o MP do Amapá informou que ainda não tem conhecimento oficial sobre o caso.

Apesar da abertura do procedimento e da repercussão do caso, que virou notícia nacional, o promotor segue no cargo de assessor da Corregedoria do MP do Amapá.

Comentário sobre advogados e defensores públicos

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