Por SELES NAFES
A Justiça do Amapá manteve, na tarde desta quarta-feira (13), as prisões dos cinco policiais militares acusados de participação na morte de oito pessoas em uma área de garimpo no município de Almeirim, na divisa entre o Amapá e o Pará. A chacina ocorreu em 3 de agosto, mas os corpos começaram a ser localizados apenas três dias depois.
A audiência de custódia foi conduzida pela juíza Luciana Camargo, da 1ª Vara do Tribunal do Júri de Laranjal do Jari, onde as investigações estão concentradas. Segundo a Polícia Civil, os PMs de Macapá ficaram hospedados no mesmo hotel na cidade e atuaram sob comando do sargento Douglas Vital Carvalho Costa, também preso. Eles foram reconhecidos por testemunhas, por fotos e pelo único sobrevivente, resgatado pelo GTA.
A investigação apura homicídio qualificado, ocultação de cadáver e fraude processual, supostamente cometidos em meio a disputa pela exploração de ouro no Vale do Jari. Além dos policiais, também foram presos um guarda municipal e um garimpeiro.
De acordo com a apuração, as vítimas — que vieram de Macapá — tinham como objetivo negociar a exploração de uma área pertencente a José Edno Alves de Oliveira, o “Marujo”. Na casa dele, a polícia afirma que provas teriam sido destruídas. Ele não está entre os presos. As vítimas teriam sido confundidas com os autores de um roubo no local e executadas sumariamente.

Corpos começaram a surgir três dias depois da chacina
Na decisão, a magistrada destacou que a gravidade concreta dos crimes, a violência empregada e o “clima de terror” instaurado na região justificam a manutenção das prisões.
“A ordem pública está seriamente comprometida, considerando que alguns dos investigados são policiais militares, servidores públicos com poderes para portar armas e treinados para utilizar força, o que aumenta o risco de que, em liberdade, possam cometer novas infrações, bem como influenciar o curso das investigações”, disse a juíza.
Juíza avaliou que liberdade dos policiais, que possuem treinamento e armas, é risco para investigações e testemunhas
Douglas Vital Carvalho Costa (SGT/PM) – Apontado como um dos executores e líder da ação, teria participado diretamente da abordagem no porto do Itapeuara e comandado os demais policiais no momento da execução. Foi identificado por testemunhas e por reconhecimento fotográfico.
Benedito Rodrigues Nascimento, o “Bena” – Garimpeiro e executor, teria atuado como piloto da embarcação usada para transportar os corpos. Também é acusado de intermediar a comunicação entre policiais e garimpeiros.
Franck Alves do Nascimento – Guarda municipal de Laranjal do Jari, é acusado de prestar apoio logístico ao grupo e fornecer informações estratégicas, embora não tenha participado diretamente da execução. Os demais policiais teriam participado da rendição e execução das 8 vítimas, além da ocultação dos cadáveres.
Presos no caso:
SGT/PM Douglas Vital Carvalho Costa
SD/PM Matheus Cardoso de Souza
SD/PM José Paulo Pinheiro da Silva Júnior
SD/PM Iago Jardim Fonseca
SD/PM Emerson Freitas dos Passos
Franck Alves do Nascimento (guarda municipal)
Benedito Rodrigues Nascimento, o “Bena” (garimpeiro)

Força tarefa prendeu os envolvidos
Os envolvidos foram presos ontem (12) durante operação de uma grande força tarefa da Sejusp que envolveu forças das polícias Civil e Militar.
Com exceção do garimpeiro, todos os policiais e o guarda municipal serão levados para o Centro de Custódia do Zerão, onde aguardarão novas decisões judiciais. Os soldados da PM são novatos, da turma de 2024.