Por SELES NAFES
O setor hoteleiro de Belém reagiu com indignação às críticas feitas por autoridades e representantes internacionais a respeito do valor das diárias na capital paraense durante a COP30, marcada para novembro deste ano. Em resposta à declaração do presidente da conferência climática, embaixador André Corrêa do Lago, que afirmou haver pressão de diversos países para transferir o evento de local devido aos preços das hospedagens, lideranças locais classificaram a situação como injusta e desinformada.
Eduardo Boullosa, presidente do Sindicato de Hotéis de Belém e Ananindeua, não escondeu o tom de revolta com o que chamou de ataques sistemáticos à realização do evento na cidade.
“Estão querendo tirar a todo custo a COP de Belém, o que não é a primeira vez “, disse Boullosa ao GLOBO.
“Pegaram a COP30 como boi de piranha. Isso é uma sacanagem que estão fazendo com o Brasil e com o estado do Pará. Estamos todos (governo do Estado e setor hoteleiro) de mãos dadas com o mesmo objetivo. A presidência da COP quer acabar com o Brasil, puxando a toalha da mesa”.
Boullosa, que é proprietário de um hotel com quase 200 apartamentos, afirmou que há um acordo firmado com o governo federal para oferecer tarifas reduzidas aos países de menor renda, variando entre 100 e 300 dólares por diária.
Ontem (31), Corrêa do Lago relatou que muitos países em desenvolvimento estariam considerando não participar da conferência por conta do que chamou de “preços extorsivos” cobrados por hotéis em Belém. Ele destacou que há um esforço da Casa Civil para intermediar uma redução dos valores e evitar prejuízos à participação internacional. Em alguns casos, as diárias chegam a 15 vezes o valor das tarifas normais.
O presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis no Pará (ABIH-PA), Tony Santiago, assegurou que as declarações do embaixador não refletem a realidade.
“O embaixador em questão está mal informado. Há uma inversão de fatos. Quem deve ser cobrada por hospedagem é a Secretaria da COP30, que até hoje não conseguiu botar no ar a plataforma de hospedagem que prometeu no início do ano. É isso que está tumultuando todo o processo”.
Santiago reforçou que, no início de junho, a ABIH-PA foi procurada com um pedido formal para disponibilizar 500 apartamentos com diárias entre 100 e 300 dólares para países menos favorecidos economicamente — e que essa solicitação foi atendida. Uma reunião vai discutir o assunto no próximo dia 11.