Por SELES NAFES
O prefeito de Macapá, Antônio Furlan (MDB), adotou a tática do silêncio diante da repercussão nacional da operação da Polícia Federal realizada em sua residência, na última quarta-feira (3). Diferente do episódio do “mata-leão” no jornalista Iran Fróes, quando publicou um vídeo alegando ter se “excedido” para defender duas mulheres, desta vez ele preferiu não se manifestar.
No total, Furlan já foi alvo direto de três operações da PF. A primeira, logo no início do mandato, investigava crimes eleitorais de 2020, em processo que segue em segredo de justiça. Durante a campanha de 2024, o prefeito voltou a ser alvo de mandados de busca e apreensão em inquérito sobre a obra de R$ 10 milhões da Praça Jacy Barata, na orla da capital, também amplamente noticiado pela imprensa nacional.
Na quarta passada, a Polícia Federal e o Ministério Público Federal deflagraram a Operação Paroxismo — termo médico usado para descrever dor intensa. O nome reflete a gravidade do caso, que investiga o direcionamento da licitação do Hospital Municipal da Zona Norte. A obra, avaliada em R$ 63 milhões, foi entregue à Gama Engenharia (antiga Santa Rita Engenharia) após uma licitação que, segundo a PF, contou com empresas de fachada para simular concorrência e pagamento de propinas.

Momentos antes da operação, empresário tinha o celular que a PF não conseguiu encontrar
As apurações ficaram ainda mais complexas após o empresário Rodrigo Queiroz, dono da construtora, admitir que descartou seu celular durante abordagem policial em uma academia. O aparelho, considerado peça-chave para esclarecer pontos da investigação, ainda não foi localizado.
Outro episódio que chamou atenção foi o flagrante de policiais federais registrando o motorista pessoal de Furlan recebendo um saco de dinheiro, fato que aumenta a pressão por explicações do prefeito. Por enquanto, apenas a prefeitura publicou uma nota superficial em dois parágrafos afirmando que confia na justiça e que está colaborando com as investigações.
Furlan vai se mantendo em silêncio, ignorando a cobrança por um posicionamento público sobre as suspeitas. A estratégia pode reduzir a exposição no curto prazo, mas também representa um desrespeito com os eleitores que o conduziram ao cargo com 85% dos votos.