Da REDAÇÃO
Com a nomeação do vereador Paulo Nery (PSD) para a Secretaria Municipal de Transparência e Controladoria, o prefeito de Macapá, Antônio Furlan, tenta reduzir os riscos de uma derrota política na Câmara Municipal. A movimentação acontece no momento em que a Casa analisa um processo que pode levar à cassação do mandato do gestor.
Com a saída de Paulo Nery, o suplente Nelson Souza (PSD) reassume uma cadeira no Legislativo. A manobra é vista nos bastidores como uma tentativa de neutralizar um possível voto favorável à cassação, já que o vereador tem proximidade com o prefeito, mas integra o grupo político do governador Clécio Luís, junto com a irmã, a deputada estadual Telma Nery.
A disputa interna ganhou força depois que Paulo Nery recusou integrar a chapa de João Mendonça e passou a apoiar a candidatura de Pedro DaLua à presidência da Câmara, movimento que fragilizou a articulação de Furlan.
No cálculo político, o prefeito precisa evitar que 16 vereadores se alinhem para confirmar a cassação. Porém, além da saída de Paulo Nery, outro voto está em risco: a vereadora Luana Serrão pode perder o mandato por infidelidade partidária, o que abriria espaço para a posse da suplente Lucélia Quaresma, considerada menos alinhada ao governo.
A base de Furlan já tentou encerrar a comissão processante por outras vias. O ex-líder de governo, Alexandre Azevedo, apresentou projeto para arquivar o processo em regime de urgência, mas não obteve o número mínimo de assinaturas — eram necessárias 12. No Judiciário, também houve revés: o desembargador Carmo Antônio negou liminar que buscava sustar os trabalhos da comissão.
A ação foi movida por Luana Serrão e Ezequias, ambos do partido, contrariando a orientação partidária. O gesto reforçou a leitura de que a vereadora atua de forma alinhada ao prefeito.
Enquanto articulações se intensificam nos bastidores, o processo segue em tramitação. Hoje, terça-feira (2), Paulo Nery foi notificado pela comissão processante e terá 10 dias para apresentar sua defesa.