Por SELES NAFES
A Comissão Processante de Inquérito da Câmara de Vereadores de Macapá realizou, na tarde desta terça-feira (16), a leitura da defesa prévia apresentada pelo prefeito Antônio Furlan (MDB). Foi a primeira reunião de trabalhos da comissão criada para investigar as agressões ocorridas no último dia 17 de agosto, quando três jornalistas foram detidos e um deles, Iran Fróes, sofreu um golpe conhecido como “mata-leão” durante visita do gestor ao canteiro de obras do Hospital Municipal da Zona Norte.
O secretário da comissão, vereador Alexandre Azevedo (base de apoio ao governo), fez a leitura de cerca de 30 páginas entregues pela defesa do prefeito. No documento, Furlan reafirma a versão de que teria agido para proteger duas assessoras, embora as imagens gravadas no momento da confusão não mostrem qualquer situação de ameaça às servidoras.
Além disso, o prefeito tenta desqualificar o jornalista Iran Fróes, principal vítima das agressões, ao questionar sua legitimidade como denunciante. Na opinião da defesa, para assinar a denúncia contra o chefe do Executivo seria necessário possuir título eleitoral registrado em Macapá. No entanto, a vítima teria domicílio eleitoral no município vizinho de Santana, a 17 km da capital. Esse argumento, entretanto, ainda será avaliado juridicamente pela comissão.

Secretário da comissão, vereador Alexandre Azevedo, fez a leitura de cerca de 30 páginas entregues pela defesa do prefeito. Foto: Seles Nafes
O caso
No dia 17 de agosto, Furlan visitava as obras do Hospital da Zona Norte quando se envolveu em uma confusão com a imprensa. Durante a discussão, o jornalista Iran Fróes foi imobilizado com um “mata-leão” pelo próprio prefeito e acabou detido e algemado junto com outros dois profissionais pela Guarda Municipal. O episódio foi registrado em vídeo e ganhou grande repercussão nacional, levando à abertura da Comissão Processante na Câmara.

Prefeito dá mata-leão no cinegrafista
Próximos passos
A comissão é composta pelos vereadores Ruzivan Pontes (presidente, oposição), Alexandre Azevedo (secretário, base) e Alessandro Monteiro (relator, oposição). Na próxima terça-feira (23), será votado o relatório preliminar, que definirá se a denúncia por quebra de decoro contra o prefeito Antônio Furlan seguirá para instrução com oitivas de testemunhas ou se será arquivada.
Se tiver 12 votos (maioria absoluta) o processo poderá levar à cassação do mandato do prefeito, caso se confirme a acusação de abuso de poder e conduta incompatível com o cargo.