Direção apaga luzes do teatro municipal durante protesto de artista

Ao subir ao palco, ela começou a recitar poemas ironicamente e a criticar a falta de prestígio para com artistas da cena local.
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Da REDAÇÃO

A poeta amapaense Carla Nobre roubou a cena durante a cerimônia de inauguração do Teatro Municipal de Macapá Fernando Canto, nesta sexta-feira (19). Ele chamou a atenção ao protestar pacificamente, no fim da solenidade, por mais respeito aos artistas do segmento. Ela afirmou que os maiores organizadores teatrais do estado sequer foram convidados para a entrega do equipamento cultural.

Falando alto, ela subiu ao palco – se ser convidada – e recitou parte de uma peça adaptando o texto para o fato de apenas apoiadores e correligionários do prefeito da cidade Antônio Furlan terem sido convidados, segundo afirmou a poeta. Ela também denunciou ter sido recebida com hostilidade na chegada ao Teatro Municipal enquanto se direcionava ao diretor da casa, o ator Jackson Amaral, que apenas acompanhou Carla, sem tentar impedi-la.

“Infelizmente, nós não fomos convidados. Meu nome é Carla Nobre. Eu vim, inclusive, conhecer aqui o Teatro Municipal, que leva o nome do meu poeta preferido, Fernando Canto. Eu acho que aqui é um palco bonito, para a gente pensar, em inúmeras apresentações. Eu acho que ficou lindo. A única coisa que eu acho que faltou, e eu nem vinha dizer isso, se não me apertassem lá fora, eu não ia dizer isso. Mas o que eu acho que faltou é exatamente, viu, Jackson, o que eu acho que você como diretor do teatro devia ter pensado nisso”.

Ao subir ao palco, ela começou a recitar poemas ironicamente e a criticar a falta de prestígio para com artistas da cena local. Mas, os holofotes que havia conseguido àquela altura logo foram apagados. Organizadores do Teatro desligaram as luzes do palco, o que não impediu Carla de continuar o seu protesto.

Organizadores do Teatro desligaram as luzes do palco, o que não impediu Carla de continuar o seu protesto.

“A gente vai fazer um documento para pedir que os artistas do teatro se apresentem sem que fechem as cortinas, sem que apaguem as luzes, sem que peguem pelo braço, porque nós não fazemos mal a ninguém, mas a nossa voz precisa ser ouvida. Esse aqui não vai ser um equipamento cultural para servir aos amigos do prefeito ou de quem quer que seja, ele vai ser um equipamento cultural que sirva a cidade e a seus artistas e a nossa população. A gente tem que filmar por a gente pode até apanhar, a gente tem medo da grosseria do patriarcado. Tive que filmar para me proteger”.

Do lado de fora, quando a artista saiu do prédio, foi recebida com uma vaia orquestrada por apoiadores do prefeito. Alguns deles gritaram ofensas a ela.

“São os amigos do rei, evidentemente, não se sentem muito felizes com o nosso protesto”, ironizou a poeta.

Após as vaias, os apoiadores gritaram em coro palavras de apoio ao prefeito Antônio Furlan.

“O prefeitão é o mesmo que ordena barrar mulheres com grosseria”, completou, referindo-se ao protesto protagonizado por ela semana passada, quando denunciou a falta de pagamento para artistas do Macapá Verão, evento promovido no mês de julho pela prefeitura da capital. Na ocasião ela foi impedida por um guarda municipal de entrar no Palácio Laurindo Banha – sede central do poder municipal – para reivindicar o pagamento dos artistas.

 

Seles Nafes
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