Indígena apresenta purificador de água com carvão de açaí e calçados de látex na Expofeira

Vanda Pororoca é da indígena da etnia Galibi Marworno, de Oiapoque. Ela se uniu ao professor Pedro Santana para desenvolver o filtro que combina conhecimentos ancestrais e ciência.
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Por RODRIGO DIAS

O grito por água potável na Amazônia encontrou resposta nas mãos de Vanda Pororoca, de 50 anos, indígena da etnia Galibi Marworno, de Oiapoque (AP). Criada na Comunidade Ubussutuba, na Ilha da Caviana (PA), ela conviveu desde cedo com a falta de água limpa e as doenças causadas pela contaminação.

Essa vivência, somada ao desejo de transformar a realidade de seu povo, inspirou a criação da Amazon Pororoca, uma startup social que vem revolucionando a vida em comunidades ribeirinhas.

Vanda sobre os produtos: “Eu trouxe para cá e foi um ‘boom’. Em um dia na feira, eu vendi quase tudo”

Há sete anos, Vanda se uniu ao professor Pedro Santana para desenvolver um filtro de água inovador, que combina conhecimentos ancestrais e ciência. O diferencial está no uso do carvão ativado de açaí, matéria-prima abundante na floresta.

“Isso surgiu do nosso dia a dia. Nunca existiu água potável, casos de doença eram recorrentes, gente internada com gastrite, diarreia”, lembra Vanda.

O projeto garantiu reconhecimento nacional: a Amazon Pororoca foi premiada na Expo Favela como um dos melhores empreendimentos sociais do Brasil.

O diferencial está no uso do carvão ativado de açaí, matéria-prima abundante na floresta. Fotos: Rodrigo Dias

A atuação da startup, no entanto, vai além do saneamento. Durante as visitas às comunidades para instalar os filtros, Vanda percebeu a força de outros saberes locais.

“Quando a gente chega lá e as pessoas veem a gente, se sentem motivadas a vender as coisas”, conta.

Assim surgiu a segunda frente de atuação: a comercialização de calçados artesanais feitos com látex de seringueira, produzidos por ribeirinhos do Acre. A ideia nasceu após um encontro de Vanda com um artesão chamado José, em São Paulo. Encantada, comprou uma bolsa e, ao trazer o produto para o Amapá, viu o potencial de mercado.

Calçados artesanais feitos com látex de seringueira

“Eu trouxe para cá e foi um ‘boom’. Em um dia na feira, eu vendi quase tudo”, recorda.

Desde então, a Amazon Pororoca passou a encomendar os calçados e a intermediar as vendas, garantindo renda para comunidades produtoras e divulgando a riqueza cultural amazônica.

Exemplo para outras mulheres

Para Vanda, o sucesso da iniciativa é prova de que a persistência transforma realidades. “Se eu ficasse parada, nada teria acontecido. Tem que ir para cima mesmo, para a luta”, afirma.

Pororoca passou a encomendar os calçados e a intermediar as vendas no Amapá

Participando pela terceira vez da Expofeira, agora com estande próprio, ela se sente motivada a inspirar outras mulheres a empreender e valorizar seus conhecimentos.

A trajetória de Vanda Pororoca simboliza a união entre necessidade e inovação, tradição e tecnologia — um caminho para construir um futuro sustentável, digno e próspero, enraizado nos saberes e recursos da Amazônia.

Seles Nafes
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