Por RODRIGO DIAS
A 18ª Avenida do bairro dos Congós virou palco de um debate acalorado sobre a qualidade das obras na capital, exibindo lado a lado o contraste entre os métodos de construção da Prefeitura de Macapá e do Governo do Amapá.
O cenário que chama a atenção é a passarela da comunidade, onde a gestão municipal iniciou uma obra que, segundo relatos, ficou inacabada.
A intervenção da prefeitura consistiu em colocar uma camada de concreto sobre a antiga estrutura de madeira, o modelo popularmente conhecido como “ponte mista”.
Com a obra municipal paralisada, o Governo do Amapá iniciou a construção de uma passarela totalmente em concreto armado na mesma localidade, criando uma divisão física entre os dois tipos de estrutura e, simbolicamente, no debate sobre o uso correto do dinheiro público.
O projeto estadual em execução, orçado em R$ 698.476,40 para 200 metros e com início em julho de 2025, busca uma solução mais duradoura.

Concreto, pilares e passarela mista: estruturas contrastam e geram debates nas redes. Fotos: Rodrigo Dias
Debate sobre ponte mista em Macapá
O modelo de “ponte mista” já estava sob fogo cruzado na Câmara Municipal de Macapá. No início de setembro, vereadores aprovaram o projeto de autoria de Joselyo (PP), que proíbe essa técnica.
A lei foi aprovada com 10 votos favoráveis e 8 contrários, em meio a críticas sobre a durabilidade das estruturas erguidas pela atual gestão municipal.
“A gestão tem construído pontes mistas, com base de madeira e concreto por cima. Entendemos que isso reduz a durabilidade. A ideia não é impedir obras, mas que elas sejam feitas de forma correta: se for de madeira, que seja 100% madeira; se for de concreto, que seja 100% concreto”, defendeu Joselyo.

Lei municipal proíbe o uso de madeira e concreto por conta da baixa durabilidade
O vereador classificou o modelo misto como uma forma de “maquiar” as condições das obras, reforçando que o objetivo é garantir a segurança e a vida útil da infraestrutura para a população.
A Comissão de Constituição, Justiça e Redação (CCJR) endossou a preocupação, confirmando a menor durabilidade das pontes mistas em seu parecer técnico.
Debate na web
A diferença entre as obras da 18ª Avenida também foi registrada em vídeo por um homem, que gerou grande discussão nas redes sociais ao comparar as duas estruturas lado a lado e criticar o modelo adotado pela prefeitura.
“Essa aqui é uma ponte mista que foi feita pelo prefeito, a metade da ponte, e a outra metade ele não fez, abandonou. Com isso a comunidade entrou em contato com o governador para dar o suporte… E essa é a ponte, a estrutura da ponte feita pelo governador, né?”, narra.
O autor do vídeo argumenta que é um desperdício de dinheiro público gastar milhões em pontes que “não vão durar cinco anos”, já que a madeira, base da estrutura mista, é incompatível com o peso do concreto.
“Não tem possibilidade de um prefeito ou qualquer gestor municipal gastar milhões fazendo uma ponte que não vai durar cinco anos… Todo mundo sabe que a madeira não é resistente, ainda mais com concreto em cima… O povo não merece um serviço porco”, desabafa o homem.
A polêmica nos Congós ilustra a crescente demanda da população por obras de infraestrutura que sejam não apenas paliativas, mas que garantam qualidade e durabilidade nas áreas de ressaca de Macapá.