Por PEDRO PESSOA, de Belém
Durante meses, o Aeroporto Internacional de Belém foi cenário de transtornos para quem chegava ou saía da capital paraense. Goteiras no teto, calor sufocante nas salas de embarque e obras inacabadas eram parte da rotina de passageiros que conviviam com o barulho de máquinas e tapumes improvisados.
A modernização, conduzida pela Norte da Amazônia Airports (NOA), enfrentou atrasos e críticas. Relatório da ANAC feito entre maio e julho de 2025 alertava para o “risco de descumprimento do cronograma” e para problemas técnicos, como interferência entre fundações e cabos subterrâneos. O mesmo documento também registrou queixas recorrentes de usuários sobre o conforto térmico: entre agosto de 2024 e janeiro de 2025, foram 61 reclamações, 12 delas relacionadas diretamente ao calor dentro do terminal.
As dificuldades se somaram a episódios de alagamento durante fortes chuvas, vídeos de goteiras nas áreas de embarque circularam nas redes sociais, e à incerteza dos operários sobre a entrega da obra antes da COP30. Mesmo com os contratempos, a NOA conseguiu entregar as principais obras a menos de um mês da COP30, evento que deve reunir mais de 50 mil visitantes em Belém.
Estrutura ampliada
Com investimento de R$ 450 milhões houve a ampliação das áreas de embarque, que passaram de 1.593 m² para 4.303 m², quase o triplo do tamanho anterior. O saguão principal ganhou dois novos mezaninos, lojas ampliadas e sanitários modernizados.

Investimento de R$ 450 milhões

Áreas de embarque foram triplicadas. Foto: NOA

Fotos: Vitor Andreolli

Desembarque
O pátio de aeronaves foi requalificado e recebeu cinco novas posições para modelos comerciais, além de melhorias nas pistas e taxiways. Foram instalados novos sistemas de auxílio visual para pousos em baixa visibilidade e um sistema de climatização mais eficiente, com energia 100% renovável, segundo a concessionária. No primeiro semestre de 2025, o aeroporto já movimentou quase 2 milhões de passageiros, 1,4% a mais que no mesmo período do ano passado.
Preços
Apesar do aumento de rotas e da ampliação da malha aérea, os preços das passagens aéreas para Belém dispararam nos últimos meses. Em uma simulação de voo Macapá–Belém–Macapá, com saída no dia 31 de outubro e retorno em 3 de novembro, os valores são altíssimos para 50 minutos de viagem.
Na Azul, os preços variam de R$ 928,82 a R$ 4.526,56 por apenas um trecho. Já na LATAM, os valores vão de R$ 1.018,75 a R$ 3.553,44, também por trecho, nas mesmas datas.
Em alguns casos, o custo total de uma viagem de ida e volta entre Macapá e Belém pode ultrapassar R$ 9 mil, valor que ultrapassa o de voos internacionais de longa distância. A alta acentuada reflete o aumento da demanda gerada pela COP30 e a limitação da oferta em determinadas rotas regionais da Amazônia.
A GOL Linhas Aéreas vai operar 600 voos domésticos e internacionais em novembro, aumento de 230% em relação ao mesmo período de 2024, e abrirá quatro rotas exclusivas:
Belém–Salvador: até 2 voos diários
Belém–Fortaleza: 1 voo diário
Belém–São Paulo/Congonhas: 1 voo diário
Belém–Manaus: 6 frequências durante o evento

Passaportes receberão carimbo comemorativo do evento
A LATAM também ampliará em 48% a oferta de assentos em novembro, incluindo novos voos Bogotá–Belém e Galeão–Belém, além de reforço nas rotas para Guarulhos, Brasília e Fortaleza.
A Azul planeja 646 voos entre chegadas e partidas durante o evento, com cerca de 100 mil assentos no período de 9 a 22 de novembro.
Símbolo da COP30
A Polícia Federal, em parceria com o Governo do Pará, lançou um carimbo especial da COP30 para passaportes carimbados no aeroporto. O selo será aplicado até 31 de dezembro de 2025, marcando a chegada das delegações e visitantes.