Por PEDRO PESSOA, de BELÉM
Outubro tempera o Pará com cheiro de maniva fervendo, ruas iluminadas, fitinhas coloridas oscilando ao vento e promessas escritas no pedaço de cetim. Para muita gente, o Círio de Nazaré é “o Natal do paraense”. Mês de confraternização, mesa farta e família reunida.
A festa, celebra no dia 12, movimenta corações, ruas e também cifras. Um estudo da Secretaria de Turismo do Pará em parceria com o Dieese revela que a edição de 2025 deve atrair cerca de 100 mil turistas, movimentando R$ 210 milhões, um crescimento de 12,5% em relação a 2024. Em uma década, o aumento acumulado no fluxo de visitantes já chega a 22%.
Desde cedo, Belém já se veste para o Círio. Casas decoradas com pisca-pisca, luzes nas ruas, enfeites nas janelas. Há quem já monte árvore de Natal com tema do Círio logo em outubro, celebrando antecipadamente esse clima de encantamento.
Dos visitantes esperados, a maioria vem de estados vizinhos e grandes centros do país: Maranhão (11,1%), São Paulo (8,8%), Rio de Janeiro (7,8%), Amazonas (6,5%) e Amapá (6%) estão no topo da lista de emissores de turistas. Isso significa que aproximadamente 6 mil amapaenses sairão de Macapá e outros municípios rumo a Belém para participar da festa da Rainha da Amazônia.

Lembranças do Círio. Foto: Bruna Brandão

Largo em frente à Basílica de Belém. Fotos: Wagner Santana

Bairro de Nazaré
No almoço do Círio tem pato no tucupi, arroz paraense, vatapá e sobremesas com frutas da região. Famílias inteiras se reúnem depois da grande procissão dominical para compartilhar fé, histórias, risos e o famoso “cheiro de maniçoba ardendo o dia inteiro” no fogão.
No quesito hospedagem, a tradição paraense fala mais alto. 39,3% dos visitantes ficam em hotéis, enquanto mais de 50% optam por casas de parentes e amigos, reflexo direto da hospitalidade nortista. No transporte, o avião responde por 75,6% das chegadas a Belém, enquanto os ônibus de viagem representam 14,2%.

Um dos pratos mais consumidos na época: Foto: Marcelo Lelis
A quadra Nazarena se estende por quinze dias, com várias romarias: Fluvial, Motociclística, Rodoviária, das Crianças, dos Corredores, entre outras. O artesanato também carrega devoção com os brinquedos de miriti — pássaros, bonecos e adornos feitos da palmeira natural que colorem feiras e barracas.
O crescimento da festa impõe também desafios. Mobilidade urbana, trânsito, segurança, limpeza e transporte público seguem como pontos de atenção para garantir que a maior celebração do Pará esteja à altura da vitrine nacional e internacional que Belém se tornou, sobretudo em ano de projeção para a COP30.