Clécio detalha plano de capacitação e fortalecimento econômico na era do petróleo

Com o início da perfuração, o governador apresentou a rota para transformar o potencial petrolífero em riqueza social.
Compartilhamentos

Por RODRIGO DIAS

A costa do Amapá amanheceu nesta terça-feira (21) sob o zumbido de uma nova era. Após 12 anos de impasses burocráticos e trocas de bandeira entre gigantes globais, a Petrobras finalmente cravou o primeiro jato d’água no leito marinho, dando início à pesquisa exploratória na Margem Equatorial.

A licença do Ibama, anunciada na segunda-feira (20), foi celebrada pelo governador Clécio Luís como o “direito à pesquisa” conquistado — o primeiro passo de uma jornada ambiciosa.

Em coletiva de imprensa, o governador não apenas confirmou o início imediato da perfuração no Campo Morfo, em Oiapoque, como também apresentou a rota para transformar o potencial petrolífero em riqueza social. O foco agora se desloca do licenciamento para o preparo.

a Petrobras finalmente cravou o primeiro jato d’água no leito marinho, dando início à pesquisa exploratória na Margem Equatorial. Foto: Divulgação

Navio sonda já iniciou a perfuração

Clécio usou uma metáfora para dimensionar a capacidade técnica da estatal: “O que a NASA é para o espaço, a Petrobras é para os mares”. A empresa, lembrou ele, é a maior especialista mundial em perfurações ultraprofundas. O governador revisitou a saga que começou em 2013, com a francesa Total, passou pela British Petroleum (BP) e, só agora, sob a gestão da Petrobras — e, curiosamente, de Magda Chambriard, que presidia a ANP na época dos leilões —, alcançou a autorização para iniciar as pesquisas.

“Trabalhamos muito. Usamos toda a nossa força, a nossa perseverança”, afirmou Clécio Luís.

Ele destacou sua atuação direta nas articulações com a cúpula da Petrobras e sua participação na maior conferência global de óleo e gás, a OTC, em Houston. O objetivo era dissipar o ceticismo de que um estado amazônico não apoiaria a exploração.

Clécio: “Não seremos pegos de surpresa”

“Eu fui lá para afirmar que o Amapá queria e quer a Petrobras”, pontuou.

Com a perfuração exploratória em curso — prevista para durar cinco meses e destinada apenas à coleta de dados geológicos e de viabilidade, sem produção imediata —, o Governo do Amapá ativou sua estratégia de adaptação à nova realidade. O lema é claro: “Não seremos pegos de surpresa.”

“Guerreiros do Petróleo”

O foco principal é a juventude. O programa Capacita Amapá Oligais, coordenado pelo vice-governador Teles Júnior, é a ponta de lança. A meta, no entanto, é mais ambiciosa: trazer a universidade corporativa da Petrobras para o estado, integrando-a a instituições locais — UNIFAP, UEAP e IFAP — para formar uma nova geração de técnicos e engenheiros.

“Engenheiros químicos, de produção, de petróleo, químicos — enfim, uma série de profissões novas que essa realidade trará”, destacou o governador.

Presidente da Petrobrás e governador

Plano de Desenvolvimento de Fornecedores

Para garantir que a riqueza circule internamente, o governo estrutura um PDV que permitirá às empresas locais fornecer, inicialmente, insumos básicos e, gradualmente, alcançar níveis de especialização mais altos. A estratégia inclui atrair companhias de fora a abrirem CNPJs no Amapá, gerando emprego e renda.

Articulação logística e global

A preparação também passa por manter o Amapá no centro das discussões internacionais sobre energia. Clécio revelou ter sido convidado para abrir a próxima edição da OTC no Rio de Janeiro, que terá a exploração na costa amapaense como tema central.

“Temos tempo não apenas para planejar, mas para pôr em prática o que já planejamos e transformar o Amapá em um estado preparado para receber o petróleo”, concluiu o governador, estimando uma janela de oportunidades entre “três, cinco, oito anos”.

Seles Nafes
Compartilhamentos
Insira suas palavras de pesquisa e pressione Enter.
error: Conteúdo Protegido!!