Por PEDRO PESSOA, de Belém
Com drones, varreduras anti-bombas e um efetivo de mais de 1,2 mil agentes, a Polícia Federal montou uma das maiores operações de segurança já vistas em eventos internacionais no Brasil. O plano especial foi criado para garantir a tranquilidade e a liberdade de manifestação durante a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, que acontece entre os dias 10 e 21 de novembro de 2025, em Belém (PA).
As ações começaram ainda em 1º de outubro e envolvem forças federais, estaduais e organismos internacionais. O objetivo é assegurar a proteção das delegações estrangeiras e das autoridades, ao mesmo tempo em que se preserva o livre direito à manifestação dos povos originários e movimentos sociais.
O plano da PF se apoia em três frentes principais: segurança diplomática, logística reforçada e liberdade de manifestação.
No campo diplomático, a prioridade é garantir a integridade de chefes de Estado, delegações e representantes de quase 200 países. Haverá articulação direta com forças estrangeiras e agências de segurança internacionais para evitar riscos de espionagem, sabotagem e atentados.
Na logística, o reforço inclui controle de acesso e fiscalização ampliada em pontos estratégicos como aeroportos, portos e a Base Aérea de Belém, principal porta de entrada das comitivas internacionais. O Porto de Outeiro, que deve receber navios de cruzeiro durante a conferência, também terá monitoramento especial.

Mobilização precisa garantir segurança, mas também a liberdade de manifestação
Já o terceiro eixo do plano busca equilibrar a segurança com o respeito à liberdade de expressão e manifestação. Para isso, serão definidos perímetros de segurança que permitam a presença de povos indígenas e movimentos sociais sem comprometer a circulação de delegações e o funcionamento da cidade.
Drones e varreduras anti-bomba
Além dos 1,2 mil agentes mobilizados, a PF contará com unidades especializadas em crimes cibernéticos e antiterrorismo, além de varreduras e contramedidas anti-bomba em áreas sensíveis. O uso de drones auxiliará na vigilância aérea e no monitoramento de grandes aglomerações.
As ações incluem ainda rastreio de ameaças digitais e acompanhamento constante das redes sociais e canais de comunicação para identificar possíveis riscos à segurança do evento.
Em nota, a PF afirmou que “o Brasil se consolida como o principal palco dos últimos anos para a livre manifestação de povos originários e ativistas ambientais”. Um contraste com as últimas conferências realizadas em países com restrições de liberdade, como Azerbaijão, Emirados Árabes e Egito.

UFPA vai hospedar mais de 3 mil indígenas. Fotos: PF/Divulgação
Aldeia COP 30: espaço indígena na UFPA
Em paralelo ao esquema de segurança, o governo federal prepara a Aldeia COP, um espaço de 72 mil metros quadrados na Universidade Federal do Pará (UFPA). O local servirá de hospedagem e encontro cultural para até 3 mil indígenas de diversas regiões do Brasil e do mundo.
A estrutura será coordenada pelo Ministério dos Povos Indígenas, em parceria com a Apib (Articulação dos Povos Indígenas do Brasil), a Coiab (Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira) e a Fepipa (Federação dos Povos Indígenas do Pará). O espaço contará com áreas para debates políticos, manifestações culturais e cerimônias espirituais, reforçando o protagonismo dos povos originários nas discussões sobre o futuro do planeta.
