Por PEDRO PESSOA, de Belém
Apesar da repercussão negativa dos comentários do chanceler alemão, Friedrich Merz, o estande da Alemanha na COP30, em Belém, segue funcionando normalmente com palestras, profissionais, jornalistas e outros responsáveis circulando pelo local. O movimento no pavilhão contrasta com a polêmica gerada pelas declarações feitas por Merz após sua saída do Brasil.
As falas de Merz desencadearam uma onda de críticas no Brasil, com sua rede social sendo “invadida” por brasileiros indignados. Muitos comentaram e repudiaram o tom de desprezo que ele atribuiu à cidade paraense. Paralelamente, o Senado Federal aprovou nesta terça-feira (18) um voto de censura ao chanceler da Alemanha. A iniciativa partiu do senador Zequinha Marinho (Podemos-PA) e teve o apoio de lideranças como o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil), e o líder do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues (PT).
No plenário, Marinho afirmou que as declarações de Merz não foram apenas “infelizes”, mas refletiram um tom xenófobo e preconceituoso, desrespeitando tanto a cidade de Belém quanto o povo brasileiro e a Amazônia. Ele destacou ainda que a COP30 tem um significado estratégico para a preservação da floresta:
“Belém foi escolhida justamente por estar no coração da Amazônia, onde se trava a batalha mais importante contra o aquecimento global.”

Dia normal de debates no estande da Alemanha…
Com a aprovação, o voto de censura será enviado ao governo da Alemanha como uma manifestação formal de repúdio.
A reação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva também foi contundente. Ele rebateu Merz dizendo que Berlim “não oferece 10% do que oferece o estado do Pará e a cidade de Belém”. Lula sugeriu ainda que o chanceler deveria ter ido a um boteco paraense, dançado, provado a culinária local, para perceber a riqueza da região.
Autoridades locais também se manifestaram. O prefeito de Belém, Igor Normando (MDB), classificou a declaração de Merz como “infeliz, arrogante e preconceituosa”, afirmando que ela não representa a percepção de quem visita a cidade. Já o governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), usou as redes sociais para defender o estado: segundo ele, “um discurso preconceituoso revela mais sobre quem fala do que sobre quem é falado”.

…com bastante adesão

Brasil reagiu aos comentários
Mesmo com a controvérsia, parlamentares na Alemanha também criticaram Merz. Deputados do Bundestag, inclusive do próprio grupo parlamentar Brasil-Alemanha, apontaram arrogância nas declarações e pediram que o chanceler assuma mais responsabilidade.
Por fim, a primeira-dama Janja disse que o chanceler “não viveu a COP” e que sua experiência ficou restrita “a salas com ar-condicionado”, sem vivenciar a proposta social e cultural do evento na Amazônia.
