Por PEDRO PESSOA, de Belém
A manhã deste sábado (22) começou sem a definição esperada para o encerramento da COP30. Embora a presidência da conferência tivesse confirmado, durante a madrugada, que as plenárias finais começariam às 10h, o horário chegou sem que o documento oficial fosse divulgado ou que as delegações fossem efetivamente chamadas para a sessão.
O impasse prolonga uma madrugada marcada por consultas frenéticas entre representantes de dezenas de países, todos tentando destravar os pontos mais sensíveis do texto final. Até agora, nenhuma nova versão do rascunho foi apresentada, um indicativo de que os negociadores não conseguiram avançar no principal eixo de discordância: a eliminação dos combustíveis fósseis.
O tema, que domina a reta final da COP, ganhou ainda mais tensão depois que o Brasil divulgou um rascunho que não menciona a expressão “combustíveis fósseis”. A ausência de qualquer estratégia clara para reduzir o uso de petróleo, gás e carvão provocou reação imediata de delegações europeias, cientistas e países vulneráveis, que classificaram o texto como fraco e desalinhado com os compromissos necessários para manter vivo o limite de 1,5 °C.

Corredores lotados após madrugada de intensos debates. Fotos: Pedro Pessoa/Portal SN
Com o atraso nas plenárias, aumentou a sensação de incerteza entre os participantes no centro de convenções em Belém. Representantes circulam pelos pavilhões em busca de informações, enquanto diplomatas seguem em reuniões fechadas para tentar costurar uma versão aceitável do acordo. Alguns delegados afirmam, nos corredores, que a conferência pode ultrapassar ainda mais o prazo caso não haja consenso nas próximas horas.
A conferência, que prometia um desfecho histórico por ocorrer na Amazônia, chega a este sábado em clima de expectativa frustrada.

