Da coxinha de R$ 30 ao clima da Terra, o 1º dia da COP em Belém

Enquanto líderes mundiais discutem clima, participantes reclamam de café a R$ 18 e água a R$ 25 na Blue Zone
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Por PEDRO PESSOA, de Belém

A cidade de Belém, no coração da Amazônia, se transformou nesta quinta-feira (6) no epicentro das discussões globais sobre o futuro do planeta. A abertura da Cúpula de Líderes da COP30 reuniu chefes de Estado, ministros e representantes de organizações internacionais em um dia marcado por discursos duros e alertas sobre a urgência de ação diante da crise climática.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, foi direto ao afirmar que ultrapassar o limite de 1,5 °C no aumento da temperatura global representa uma “falha moral e uma negligência mortal”. Segundo ele, o mundo não pode continuar adiando decisões que impactam diretamente as populações mais vulneráveis, especialmente nos países em desenvolvimento.

Anfitrião do encontro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva destacou o simbolismo de sediar a conferência na Amazônia, região que abriga a maior floresta tropical do planeta e desempenha papel crucial no equilíbrio climático. Lula defendeu um “roteiro global” para reduzir a dependência de combustíveis fósseis e reforçou que a transição energética precisa ser justa, garantindo emprego e renda às populações afetadas.

Entrada da Blue Zone…

…complexo construído em Belém para sediar debates

Durante o primeiro dia de debates, três eixos dominaram as falas dos líderes: preservação das florestas e oceanos, transição para fontes renováveis de energia e financiamento climático — que define quanto e como os países ricos devem apoiar ações de combate e adaptação às mudanças do clima. O Brasil, por exemplo, cobrou que os recursos prometidos em cúpulas anteriores finalmente saiam do papel.

Um dos principais anúncios foi o lançamento oficial do mecanismo Tropical Forests Forever Facility (TFFF), criado sob liderança brasileira para garantir financiamento de longo prazo à conservação das florestas tropicais. A Noruega confirmou cerca de US$ 3 bilhões ao fundo. Brasil e Indonésia já haviam anunciado compromissos de US$ 1 bilhão cada. O objetivo do TFFF é arrecadar até US$ 125 bilhões para remunerar países que preservam suas florestas em pé e construir um modelo de financiamento inovador.

Mundo está falhando ao não segurar aumento do clima

Preços

Mas, paralelamente aos debates sobre o futuro climático do planeta, outro assunto tomou conta das conversas na Blue Zone, área oficial da conferência: os altos preços dos alimentos e bebidas vendidos no local.

O tradicional cafezinho, aliado de qualquer pausa entre reuniões, virou artigo de luxo. Um copinho custa R$ 18. Já uma garrafinha de água mineral de 350 ml sai por R$ 25. Para quem prefere refrigerante, o valor é o mesmo: R$ 25 a lata.

Água mineral R$ 25,00 (garrafa pequena)

Coxinha a R$ 30,00

 

O apresentador da CNN, Marcio Gomes, foi um dos que comentou os valores. Ele relatou que comprou um refrigerante e dois itens salgados, desembolsando R$ 99 — um exemplo que viralizou entre os participantes e reforçou a percepção de que os preços dentro da conferência estão “mais salgados que o açaí da feira”, como brincou um visitante.

Entre discursos sobre justiça climática e metas de descarbonização, a polêmica dos preços acabou se tornando um dos assuntos mais comentados do primeiro dia, revelando que, na COP30, o custo da alimentação também entrou no centro das discussões.

Seles Nafes
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