Por RODRIGO DIAS
Um audacioso esquema de crime organizado foi desarticulado dentro do sistema prisional do Amapá. Na manhã desta segunda-feira (10), as polícias Penal e Civil prenderam o professor Mauro Luís Ferreira da Silva, de 54 anos, diretor adjunto da escola penitenciária São José. Ele atuava há 10 anos dentro do complexo. As investigações revelaram que, por trás da figura do educador, estava na verdade um articulador interno de facção criminosa, responsável por introduzir celulares, drogas e outros ilícitos na Penitenciária Masculina (Cadeião).
A dupla vida do professor foi exposta pelas investigações da Divisão de Videomonitoramento da Polícia Penal e da Delegacia de Repressão ao Crime Organizado (DRACO). A Escola São José, que deveria ser um local de ressocialização para os cerca de 800 internos do Cadeirão, era utilizada como centro da atividade criminosa.
O flagrante registrado pelas câmeras de segurança foi determinante. O professor Mauro Luís foi filmado em uma conversa com um detento. Após um diálogo, o interno oferece dinheiro e sela o acordo com um aperto de mãos.
O método da entrega era dissimulado e rápido, como mostra um vídeo, onde o professor entrega uma cueca ao detento. O interno esconde o objeto sob o short padrão do presídio e, em seguida, coloca cinco celulares na cintura, confirmando a natureza do material ilícito. O professor foi preso em seu local de trabalho. As investigações demonstraram que ele recebia R$ 3,5 mil por celular.

Momento em que detento recebe cueca com drogas para vestir debaixo do uniforme do presídio

…e esconde 5 celulares
O diretor-presidente do Iapen, Luiz Carlos Gomes, afirmou que a investigação teve início há cerca de dois meses, após a prisão de outro servidor que também foi preso com cuecas recheadas de drogas.
“Isso despertou a nossa atenção. Passamos a acompanhar, detectamos o professor passando drogas e celulares. Cumprimos o mandado de prisão e na casa dele encontramos uma outra cueca com drogas. Ele se utilizava de sua função de diretor adjunto (…) e escondia os celulares e drogas. Sua última ação foi na sexta-feira”, detalhou Gomes.

Diretor recebe voz de prisão
O secretário de Justiça e Segurança Pública do Amapá, Cézar Vieira, emitiu um forte recado aos servidores que cogitam se envolver com o crime.
“Não é a primeira vez, e fica a dica, né, para meter a cara, tentar a sorte, que com certeza vai se arrebentar. Aqui nós temos hoje um sistema muito bem elaborado, um sistema de segurança que funciona em todos os seus aspectos, (…) demonstrando realmente nosso forte compromisso com um Amapá mais seguro”, ponderou.
O professor Mauro Luís Ferreira da Silva responderá por organização criminosa, tráfico de drogas, associação para o tráfico, corrupção ativa e ingresso de aparelho de comunicação em unidade prisional.
