Por SELES NAFES
Em um ano, o relacionamento entre dois namorados que começou com carinhos e promessas se transformou em um verdadeiro inferno de abusos. A jovem, hoje com 18 anos, passou a ser tratada com agressões cada vez mais brutais, chegando a ser enforcada e golpeada com um capacete. O acusado foi preso neste fim de semana no município de Santana, a 17 km de Macapá, depois que a vítima precisou ser atendida no hospital com ferimentos.
O caso é investigado pela Delegacia de Atenção à Mulher (Deam), da Polícia Civil, que prendeu o acusado de 23 anos no último sábado (15). De acordo com as investigações, todos os episódios de violência estariam ligados a crises de ciúmes e acusações de traição.
“A vítima era agredida com enforcamentos, sufocamentos, chutes, tapas, empurrões, puxões de cabelos e até capacetadas”, explica a delegada Katiúscia Pinheiro, que investiga o caso.
No sábado, a vítima foi atacada com socos na cabeça e no corpo, ficando com hematomas e um corte na testa que precisou ser suturado no hospital.
“Durante as agressões, a vítima teria, em legítima defesa, batido com um corpo de vidro no namorado, o que não fez cessar as agressões”, relata a delegada.
Após o registro do BO, os policiais da Deam iniciaram as buscas pelo acusado, que foi localizado no bairro Fonte Nova. Ele ainda tentou fugir, mas foi preso em flagrante.
Na audiência de custódia, o juiz decidiu permitiu que ele responda em liberdade, mas com medida protetiva que o impede de se aproximar da vítima.

Delegada Katiúscia Pinheiro: dependência emocional
Sem forças
Como acontece com muitas vítimas de violência doméstica, a jovem de Santana nunca havia denunciado o namorado por viver numa espécie prisão emocional. Ele controlava a vida social e todo o comportamento dela, determinando onde podia ir e até que roupas deveria usar. Também teria proibido o contato da vítima com amigos e familiares.
“Não tinha forças para sair do relacionamento, pois estava muito envolvida, tendo coragem somente nesta última agressão, quando, inclusive, pediu ajuda para atendimento psicológico para ajudá-la a sair dessa relação abusiva”, explica Katiúscia Pinheiro.
A delegada reforça que, em casos como esse, a vítima costuma ficar presa em um ciclo de dependência emocional.
“Ela sempre acredita que o agressor irá mudar, o que não acontece, e ela necessita de ajuda especializada, ajuda essa que é disponibilizada pela Rede de Atendimento à Mulher, da qual a Deam também faz parte”, informou.
