Por SELES NAFES
A justiça do Amapá condenou o ex-secretário de Educação da prefeitura de Macapá, Madson Millor Rodrigues, pelo crime de ameaça contra a ex-esposa, com quem conviveu por 14 anos. A decisão foi proferida pela juíza Délia Ramos, da 2ª Vara de Violência Doméstica de Macapá no último dia 10 de outubro. De acordo com o processo, ele teria aproveitado o momento em que a esposa passava por uma cirurgia para checar mensagens no WhatsApp dela e ameaçado divulgar um suposto vídeo íntimo que comprovaria adultério.
O caso ocorreu em outubro de 2023, antes de Madson Millor ser nomeado pelo prefeito Furlan (MDB). O Ministério Público afirma que enquanto a vítima, que é servidora da Unifap, estava sob efeito de anestesia após uma cirurgia, ele teria acessado mensagens e arquivos no WhatsApp dela logado no notebook.
Em depoimento, Madson Rodrigues alegou que enquanto estava com o celular da esposa, após a cirurgia, atendeu um telefonema de um médico que era colega de trabalho do casal. Quando descobriu que não se tratava da esposa de Madson na linha, o homem teria começado a gaguejar, o que teria confirmado uma suposta suspeita do acusado.
No dia seguinte, por meio de mensagens enviadas à vítima, Madson Rodrigues teria ameaçado divulgar conteúdos íntimos que ele teria baixado e revelariam um suposto adultério, caso ela voltasse para casa.
Ameaças e abrigo
Em juízo, a vítima relatou que precisou deixar sua residência e buscar abrigo em outro endereço logo após a cirurgia. Ela afirmou ainda que continuou sendo difamada de forma privada após o episódio.
A defesa do réu negou ameaça e sustentou que o casal, que tem um filho de 11 anos, compartilhava senhas e dispositivos e que não houve invasão do aparelho.

Caixas de documentos sem qualquer organização em ponto comercial modesto no bairro do Trem: tia do secretário recebia R$ 25 mil ao mês. Foto: Arquivo
Ao sentenciar o caso, a magistrada afirmou que a ameaça ficou comprovada pelos depoimentos e pelo contexto de vulnerabilidade da vítima, que estava recém-operada.
“A conduta se insere perfeitamente no tipo penal […] bastando a certeza de promessa de mal injusto e grave”, diz trecho da decisão.
Madson Rodrigues foi condenado a um mês de detenção em regime aberto e ao pagamento de R$ 500 como indenização mínima. O réu poderá recorrer em liberdade.
Quanto à acusação de invasão de dispositivo eletrônico, a juíza entendeu que não houve violação de mecanismo de segurança, uma vez que o casal compartilhava senhas.
Em junho deste ano, Madson Rodrigues foi exonerado após a repercussão do escândalo envolvendo o aluguel de um ponto comercial pela Secretaria Municipal de Educação. O imóvel, simples e sem estrutura no bairro do Trem, pertence à tia dele, que passou a receber um aluguel mensal de R$ 25 mil de um contrato de R$ 300 mil por ano.

