Habitacional Janary Nunes: lista preliminar gera denúncias e questionamentos em Macapá

Residencial popular fica no bairro Fazendinha, na zona sul da capital do Amapá e vai abrigar 500 famílias.
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Por RODRIGO DIAS

A divulgação da lista preliminar de classificados para as 500 unidades habitacionais do Residencial Janary Nunes, realizada na segunda-feira (10) pela Prefeitura de Macapá, desencadeou uma série de denúncias e forte insatisfação popular.

Enquanto a administração municipal comemora a validação de mais de 3 mil candidatos que seguem no processo seletivo do Programa Minha Casa, Minha Vida, parte da população e dos desclassificados questiona a transparência dos critérios e aponta supostos privilégios na seleção.

Suspeitas de nepotismo e exclusão social

As principais denúncias que circulam nas redes sociais e em manifestações apontam que a lista preliminar inclui familiares de servidores públicos e até pessoas que atuam na própria gestão municipal, enquanto candidatos em situação de extrema vulnerabilidade social teriam sido desclassificados.

A revolta é evidente nos comentários da página oficial da prefeitura, onde diversos internautas relatam casos de injustiça: mães-solo, que vivem de aluguel e sustentam filhos com deficiência, afirmam ter sido excluídas; moradores de áreas de risco e famílias em condições precárias, que aguardam desde o início do cadastro em 2019, também protestaram contra a desclassificação.

Um dos relatos mais comoventes menciona uma mãe que acompanha o tratamento oncológico do marido fora do estado e cuida de uma filha autista, mas teve o nome retirado da lista.

Há ainda alegações de que pessoas com casa própria foram incluídas entre os classificados. Entre os comentários, prevalece o sentimento de indignação.

“Deveria haver uma vistoria para saber quem realmente precisa”, escreveu uma internauta.

Outros afirmam que pretendem acionar a Justiça para que a lista seja revisada e, se necessário, anulada.

Falta de transparência

Outro ponto de forte contestação é o procedimento para interposição de recursos, que deve ocorrer nos dias 11 e 12 de novembro.

Os desclassificados relatam que a prefeitura não informou, por SMS ou outros canais, o motivo específico da exclusão de cada candidato. Sem essa justificativa, afirmam ser impossível fundamentar o recurso de forma adequada.

“Como a pessoa vai interpor recurso se não sabe por qual motivo foi negada?”, questionou um morador nas redes sociais.

Em vídeo divulgado nas plataformas oficiais, a Secretaria Municipal de Habitação afirmou que o candidato não precisa saber o motivo da desclassificação, bastando preencher o formulário de contestação. A explicação, no entanto, aumentou a desconfiança pública e reforçou críticas sobre a falta de transparência no processo.

O que diz a prefeitura

Em nota, a Prefeitura de Macapá informou que a lista preliminar contempla os candidatos que atualizaram seus dados no Portal SISHAB e passaram pela fase de análise de informações.

Segundo o comunicado, dos 12.281 inscritos, 3.169 tiveram seus cadastros validados. Os critérios de validação incluíram:

  • Inscrição atualizada no CadÚnico;
  • Ser o responsável familiar;
  • Compatibilidade das informações declaradas no SISHAB com as do CadÚnico;
  • Conferência de renda familiar, documentação e situação de déficit habitacional.

Cronograma

11 e 12 de novembro – Período para interpor recursos;

13 a 17 de novembro – Análise dos recursos;

18 de novembro – Divulgação do resultado definitivo.

O Residencial Janary Nunes contará com 500 unidades habitacionais e tem previsão de entrega para o primeiro semestre de 2026, com cerca de 80% das obras já concluídas.

Seles Nafes
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