Por PEDRO PESSOA, de Belém
O segundo dia da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30) foi marcado por tumulto na entrada da Zona Azul, área do Parque da Cidade reservada a líderes mundiais, negociadores e representantes da sociedade civil. Um grupo de manifestantes ultrapassou o limite externo e chegou até o espaço de credenciamento do evento, gerando correria e tensão.
Vídeos que circulam nas redes sociais mostram o momento em que dezenas de pessoas tentam avançar em direção ao interior da conferência. Um homem que estava dentro do espaço registrou a cena e narrou: “Eles estão invadindo aqui”, enquanto as imagens mostravam os seguranças da ONU tentando conter a movimentação.
Entre os manifestantes, era possível ver bandeiras da Palestina e faixas com frases como “Amazônia de pé, petróleo no chão”, em referência à exploração pela Petrobras na costa do Amapá. Alguns carregavam cartazes e vestiam camisetas amarelas. Também havia a presença de indígenas, que acompanhavam o grupo no início da mobilização.
Os seguranças da ONU formaram uma corrente humana para impedir que os manifestantes tivessem acesso às salas de negociação e aos estandes dos países. Mesmo cercados, os ativistas continuaram gritando palavras de ordem e, em alguns momentos, empunharam pedaços de madeira, o que intensificou o empurra-empurra entre os dois grupos. Durante a ação, a bandeira da Palestina chegou a ser retirada pelos seguranças.
Após a contenção do grupo, os manifestantes foram retirados da área. Em seguida, por questão de segurança, a ONU decidiu evacuar completamente o pavilhão da Zona Azul, retirando todas as pessoas que participavam do evento naquele momento, inclusive jornalistas, técnicos e delegações. Pertences pessoais e materiais de trabalho ficaram dentro do espaço, já que o acesso não foi imediatamente restabelecido.
Há informações extraoficiais de que um segurança e um manifestante teriam ficado feridos durante a confusão. Não houve registro oficial de prisões até o momento.
Em nota de esclarecimento, as organizações que integram a Marcha Global Saúde e Clima, realizada nesta terça-feira em Belém, afirmaram não ter qualquer relação com o episódio ocorrido na entrada da Zona Azul. O comunicado destaca que o ato foi “pacífico, público e previamente comunicado às autoridades competentes”, reunindo profissionais de saúde, lideranças indígenas e organizações da sociedade civil em defesa da Amazônia e da justiça climática.
Ainda segundo a nota, o grupo que se dirigiu à Zona Azul após o fim da marcha “não fazia parte da organização ou da articulação oficial do ato, tendo participado de forma independente”. As entidades pediram “respeitosamente a correção de informações que associem indevidamente o episódio à marcha”, com o objetivo de “evitar interpretações equivocadas e preservar a integridade de uma mobilização legítima e pacífica”.
A manifestação desta terça-feira foi a primeira de maior porte a ocorrer dentro do perímetro da COP30, algo incomum nas últimas três edições do evento, realizadas em Baku (Azerbaijão), Sharm El-Sheikh (Egito) e Dubai (Emirados Árabes Unidos), países onde protestos desse tipo são proibidos.
