Por SELES NAFES
O policial civil morto por um preso dentro de uma delegacia em Laranjal do Jari, no sul do Amapá, recebeu uma progressão funcional póstuma. O decreto foi assinado pelo governador Clécio Luís (SD) e já está publicado no Diário Oficial do Estado. A viúva de Mayson Viana de Freitas, assassinado aos 38 anos, prestou uma homenagem emocionante nas redes sociais.
A biomédica Ana Maria Pombo já estava grávida quando o marido foi morto. Na postagem, ela lembrou que a vida é imprevisível e capaz de trazer transformações boas e ruins, sem aviso.
“Por não termos esse poder o que nos resta é viver de forma intensa o presente e assim você viveu”, comentou ela, numa espécie de carta aberta ao marido.
Mayson foi morto por Lucas de Souza Nonato durante a apresentação dele na delegacia. O criminoso, que também responde por estupro, tomou a arma do policial e disparou. Em seguida, invadiu uma residência e fez moradores reféns. A crise durou 17 horas, mobilizou a cúpula da Sejusp e terminou com a rendição do agressor durante negociações conduzidas pelo Bope.
“Mayson sempre foi dedicado em tudo que ele fazia, buscava o impossível para sempre dar seu melhor, foi uma pessoa diferenciada em meio a todos que ele viveu, sua dedicação ao trabalho sempre foi tão forte ao ponto de lhe custar a vida”, avaliou a esposa.

Assassino se entregou após manter mãe e filha reféns por 17 horas

Ana Maria e Mayson ao descobrirem o sexo da criança
Após a morte do policial, o pai dele entregou a aliança de casamento à nora, como forma de homenagem e continuidade simbólica da união. Na publicação, Ana Maria também destacou que o marido era correto, disciplinado e comprometido com o serviço público.
“Seu sonho era algo simples, trabalhar de forma correta, honesta, com bondade… para ele era algo abençoado por Deus e por Deus ter colocado ele ali”, ressaltou.
O decreto assinado pelo governador elevou Mayson da categoria de servidor efetivo “1ª Classe” para “Classe Especial”, o topo da carreira policial.

Abaixo, a carta da esposa na íntegra:
A nossa vida é cheia de surpresas e infelizmente não podemos adivinhar quando é uma surpresa boa ou ruim. Quem dera pudéssemos “prever” o futuro. Por não termos esse poder o que nos resta é viver de forma intensa o presente e assim você viveu. Mayson sempre foi dedicado em tudo que ele fazia, buscava o impossível para sempre dar seu melhor, foi uma pessoa diferenciada em meio a todos que ele viveu, sua dedicação ao trabalho sempre foi tão forte ao ponto de lhe custar a vida. Seu sonho era algo simples, trabalhar de forma correta, honesta, com bondade e independente do trabalho ser visto por muitos como algo ruim, para ele era algo abençoado por Deus e por Deus ter colocado ele ali, ele sempre honrou de forma honesta todos os dias que viveu em frente ao combate.
Voltando a falar de seus sonhos, ele só queria continuar na PC, fazendo as coisas corretas, buscando nunca errar, zelando pela profissão e que a partir de seu comportamento ir buscando suas progressões e ser valorizado.
Ele buscava arduamente todos os dias ser honesto e trabalhava aguardando cada promoção profissional que viria, e o seu maior sonho de todos era chegar na ultima classe e não só pela “ambição“ salarial mas sim para dar segurança, uma vida boa, e deixar sua família financeiramente estável. Não sonhávamos acumular fortunas mas sonhávamos em ter condições de viver uma vida por aí, viajando, conhecendo lugares, dar o melhor pro nosso filho, como ele dizia: “Só quero que vivamos bem”. Hoje a tão sonhada promoção saiu e infelizmente ele não tá aqui para comemorar, mas seu legado, sua batalha, seu bom profissionalismo mesmo após a morte foi reconhecido. Não é à toa que ele foi o melhor policial que eu conheci, combateu o bom combate, guardou a fé, se foi mas deixou encaminhado todos os seus sonhos para vivermos. É doloroso viver os sonhos sem você, mas em sua memória os sonhos vão ser vividos e realizados.
Você merece todo reconhecimento do mundo, meu amor!
