Por OLHO DE BOTO
O secretário de Obras de Vitória do Jari (AP), José Diercirlei de Souza, foi preso nesta terça-feira (18) durante uma operação contra o fluxo financeiro de atividades criminosas da aliança entre as facções amapaense FTA e paulista PCC.
A ação, liderada pela Polícia Civil do Amapá, foi chama da Operação Lâmina de Prata, que segue em andamento desde as primeiras horas hoje. Segundo a polícia, o secretário José Diercirlei de Souza é apontado como um dos responsáveis por alimentar financeiramente as organizações criminosas.

Segundo a polícia, o secretário José Diercirlei de Souza é apontado como um dos responsáveis por alimentar financeiramente as organizações criminosas. Foto: Redes Sociais

Joias em ouro …

… foram apreendidas durante a operação. Fotos: Ascom/PC
A suspeita é que o agente público tenha recebido R$ 100 mil de uma empresa contratada pela prefeitura de Vitória do Jari, cujas obras ele próprio deveria fiscalizar. A hipótese investigativa indica que parte desses recursos, de origem pública, teria sido desviada e reinserida no esquema de tráfico e lavagem de dinheiro.
“As investigações demonstram que cerca de R$ 100 mil foram desviados da prefeitura, por meio de fraude envolvendo uma empresa fantasma, e há fortes indícios de que parte desse valor foi reinvestido no tráfico de drogas”, afirmou o delegado responsável pela operação, Estéfano Santos, da Divisão de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Dracco) do Amapá.
A ação policial cumpriu 58 ordens judiciais nos estados do Amapá, Amazonas e Paraná — sendo 23 mandados de prisão preventiva e 35 de busca e apreensão — além do sequestro de bens, joias, contas bancárias e veículos usados para movimentar o patrimônio do grupo.

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… e por terra em cumprimento de mandados
Até o momento, 19 pessoas foram presas. Segundo o delegado, trata-se de uma das maiores ofensivas do ano contra o crime organizado no estado.
“A operação teve como foco atingir não apenas a logística do grupo, mas principalmente sua estrutura financeira. Já identificamos contas bloqueadas que somam cerca de R$ 700 mil, além de veículos e joias de alto valor apreendidos. A asfixia econômica é fundamental para desarticular essas lideranças”, reforçou Santos.

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As investigações começaram após prisões anteriores por tráfico e revelaram um esquema robusto de lavagem de capitais mantido por meio de “laranjas” e empresas de fachada. Apenas um dos operadores movimentou mais de R$ 3,3 milhões de forma incompatível com sua renda, em transações que seguiam do Amapá para Manaus e Tabatinga – pontos estratégicos na rota do narcotráfico.
A Dracco identificou, ainda, que a aliança entre PCC e FTA se consolidou após mudanças no comando das facções, impulsionadas por detentos transferidos para presídios federais.

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… na casa de investigado
Depois disto, novas lideranças passaram a coordenar atividades de tráfico, cobrança e definição de alvos de homicídio. Para o delegado, isso explica por que o trabalho de inteligência é decisivo para reduzir a letalidade.
“Quando conseguimos identificar e neutralizar essas lideranças, que determinam execuções e ampliam a influência das facções, há reflexo direto na segurança pública. A população sente o impacto nas ruas”, disse.

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O nome da operação, “Lâmina de Prata”, simboliza a estratégia adotada: cortar, de forma cirúrgica, o fluxo financeiro – a “prata” – que sustentava a aliança criminosa. A ação teve apoio da Polícia Militar, Polícia Penal e do Grupo Tático Aéreo (GTA).
A Polícia Civil informou que as investigações continuam para identificar outros envolvidos e aprofundar o rastreamento do dinheiro desviado.

