Por RODRIGO DIAS
A Prefeitura de Vitória do Jari confirmou, por meio de nota oficial divulgada nesta terça-feira (18), a exoneração imediata do secretário municipal de Infraestrutura, José Diercirlei de Souza, após sua prisão pela Divisão de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco) de Macapá.
A detenção ocorreu durante a deflagração da Operação Lâmina de Prata, uma das maiores ofensivas do ano contra o crime organizado no Amapá. A ação mira o desmonte do fluxo financeiro que abasteceria a aliança entre as facções FTA (amapaense) e PCC (paulista).

Operação cumpriu 58 ordens judiciais
Segundo a Polícia Civil, Diercirlei é apontado como um dos responsáveis por financiar as organizações criminosas. A suspeita é de que ele tenha desviado cerca de R$ 100 mil de uma empresa contratada pela própria prefeitura, cuja obra estava sob sua fiscalização.
O delegado Estéfano Santos, da Draco, afirmou que a linha investigativa indica que recursos públicos foram desviados e reinseridos no esquema de tráfico de drogas e lavagem de dinheiro.

Além do secretário, outras 19 pessoas foram presas até o momento
O que diz a prefeitura
Em nota, a Prefeitura de Vitória do Jari declarou que os fatos apurados não têm, a princípio, relação com a administração municipal. Disse ainda que, ao tomar conhecimento da prisão, exonerou o secretário de forma imediata.
A gestão reforçou seu compromisso com a legalidade, transparência e moralidade administrativa, afirmando que não compactua com desvios de conduta, abusos ou irregularidades no serviço público. Pontuou também que acompanha o caso, observando a legislação e a presunção de inocência, e que divulgará novas informações caso haja desdobramentos oficiais.

Operação Lâmina de Prata
A Lâmina de Prata cumpriu 58 ordens judiciais — 23 mandados de prisão preventiva e 35 de busca e apreensão — nos estados do Amapá, Amazonas e Paraná. A ação resultou na prisão de 20 pessoas e no sequestro de bens, joias, contas bancárias (com cerca de R$ 700 mil bloqueados) e veículos usados para movimentar o patrimônio do grupo.
O nome da operação remete à estratégia de cortar o fluxo financeiro (“prata”) que sustentava a aliança criminosa. A Polícia Civil informou que as investigações continuam para identificar outros envolvidos e aprofundar o rastreamento do dinheiro desviado.
