Por MARCELO GUIDO
Na noite em que o Flamengo ergueu sua quarta coroa continental, a Nação Rubro-Negra escreveu, mais uma vez, sua própria epopeia.
No silêncio suspenso do estádio — aquele silêncio que precede as grandes tempestades — a bola parecia entender seu destino. Minutos finais, pernas pesadas, corações em brasas. O placar empatado, o relógio impiedoso.
A Libertadores de 2025 exigia mais do que suor: pedia alma, coragem… e um instante de eternidade.
Foi então que ele surgiu. O herói improvável, o camisa que carregava no peito não apenas um número, mas um povo inteiro. Recebeu a bola na intermediária — onde a grama treme quando pressente que algo grande está prestes a acontecer.
Como quem corta o próprio destino com os pés, lançou-a à área e deixou um rastro de incredulidade, como se o impossível tivesse decidido vestir rubro-negro naquela noite.

A Libertadores de 2025 exigia mais do que suor: pedia alma, coragem… e um instante de eternidade
Quando alcançou a grande área, já não havia grito na garganta, apenas espera. Epopeias não se constroem aos poucos: surgem inteiras. Foi assim que ele subiu — alto, muito alto — como se asas invisíveis o erguessem pelos ombros. No ar, reinou sozinho. No ar, tornou-se história.
A cabeçada foi um manifesto. Um golpe limpo e certeiro que fez a bola viajar em curva perfeita até morrer no ângulo, no lugar reservado apenas aos lances que nunca serão esquecidos. O goleiro adversário sequer teve tempo de voar. Era tarde: o destino já estava escrito.
E os verdes choraram, porque sabem que, quando o Flamengo decide, não há quem resista.
O estádio explodiu. A América tremeu. E a Nação — sempre ela, infinita, pulsante, incansável — retomou aquilo que considera seu por direito: a glória eterna.
Aquele gol colocou o Flamengo no topo novamente, coroando-o como o primeiro clube brasileiro tetracampeão da Libertadores. Uma galeria que já não comporta molduras; precisa de altares.

E os verdes choraram, porque sabem que, quando o Flamengo decide, não há quem resista
Ali, entre lágrimas, gargalhadas e cantos que pareciam vir de um continente inteiro, uma verdade ecoava com a força de um trovão:
É uma merda não ser Flamengo.
E ninguém morre devendo ao Time Rubro-Negro, porque o Flamengo cobra, devolve, multiplica e, sobretudo, faz viver.
Naquela noite, a América não foi conquistada. Foi reconquistada.
Porque o Flamengo não ganha taças.
O Flamengo escreve capítulos.
O Flamengo cria lendas.

