Da REDAÇÃO
O Amapá intensificou as ações de vigilância em saúde após a confirmação de um caso de raiva humana em um pescador artesanal de 24 anos, atacado por um macaco na região do Cabo Orange, área de manguezal no município de Oiapoque. O episódio acendeu o alerta para populações que vivem ou trabalham em áreas silvestres, especialmente em zonas de circulação de variantes do vírus da raiva.
A confirmação do caso ocorreu após o agravamento do quadro clínico do paciente, que evoluiu para um cenário compatível com encefalite aguda viral. Ele foi transferido para uma unidade hospitalar de referência no Pará, onde exames de RT-PCR em amostras de saliva e biópsia confirmaram a infecção. O sequenciamento genético, realizado pelo Instituto Pasteur (SP), identificou a variante AgV3, associada principalmente a morcegos hematófagos da espécie Desmodus rotundus e também registrada em morcegos frugívoros do gênero Artibeus.
A Superintendência de Vigilância em Saúde do Amapá classificou o episódio como caso confirmado de raiva humana, seguindo os critérios nacionais de vigilância epidemiológica. Embora a agressão tenha sido causada por um primata, a presença da variante AgV3 reforça a possibilidade de transmissão indireta relacionada à circulação de morcegos na região.
Com a confirmação, equipes estaduais e municipais iniciaram uma resposta integrada que envolve vigilância, assistência, laboratório e órgãos ambientais. As ações incluem registro e monitoramento do caso no Sistema de Notificação (SINAN), atualização da linha do tempo da investigação e acompanhamento da evolução clínica do paciente.
A Profilaxia Pós-Exposição (PEP) foi reforçada entre os contatos próximos do pescador, com avaliação de risco e administração de vacina e soro antirrábico iniciadas pela Vigilância Municipal de Oiapoque. O Estado orientou ainda que unidades de saúde adotem atenção permanente a qualquer paciente com histórico de exposição a animais silvestres, e determinou a manutenção de estoques adequados de imunobiológicos.
Além das medidas clínicas e laboratoriais, o Amapá intensificou as ações educativas voltadas para pescadores, ribeirinhos e moradores de áreas remotas, reforçando a necessidade de notificação imediata de agressões por animais e de procura ágil por atendimento de saúde. A superintendente da SVS destacou que o governo está mobilizado para garantir uma resposta rápida, articulada e efetiva à população diante do caso registrado no extremo norte do estado. O órgão também esclareceu que o paciente é morador do Estado do Pará e não do Amapá.

