Caixas de som invadem o “Caribe Amazônico”

Uma caixa de som ligada em cada mesa na Praia do Amor, principal atração turística de Santarém (PA): uso descontrolado de aparelhos incomoda turistas
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Por SELES NAFES

O cenário lembra o papel de parede de um computador: praia de água doce esverdeada, areias brancas, floresta e áreas montanhosas compondo o sonho de qualquer turista em busca de descanso. Esse convite à calmaria, porém, é rapidamente interrompido na Praia do Amor, principal atração de Alter do Chão, distrito de Santarém. O motivo é um visitante cada vez mais comum nos balneários brasileiros: a caixa portátil de som.

As fotos que ilustram esta reportagem foram feitas em dezembro, período de alta estação na vila de pescadores, conhecida pela boa oferta de hospedagem e restaurantes. A Praia do Amor é um extenso banco de areia explorado comercialmente por cerca de meia dúzia de restaurantes especializados em peixe frito, com destaque para o pirarucu e o tradicional “charutinho”, peixe típico da região.

As águas cristalinas dos rios Tapajós e Arapiuns, que em determinadas épocas do ano ganham tons de esmeralda, emolduram não só a Praia do Amor, mas também outras faixas famosas e mais afastadas, como Pindobal e Ponta de Pedras. Ainda assim, é a Praia do Amor a preferida dos visitantes e responsável pelo apelido de “Caribe Amazônico”, atribuído pela imprensa britânica no começo do ano 2000.

A tranquilidade, no entanto, é quebrada principalmente aos domingos pelo volume elevado das chamadas boomboxes, caixas resistentes à água e conhecidas pela potência sonora. As playlists são dominadas por sertanejo e forró, muitas vezes acompanhadas por coros improvisados, frustrando quem esperava silêncio e contemplação.

Local repleto de turistas obrigados a ouvir música alta…

Praia do Amor vista da orla de Alter do Chão. Fotos: Seles Nafes

Entre os restaurantes em funcionamento, apenas um tenta conter o problema com placas alertando para a proibição de som alto, sem muito efeito. Não é incomum, como mostram as imagens, que cada mesa tenha uma caixa de som ligada em músicas diferentes ao mesmo tempo.

Nova lei

A situação preocupa a Secretaria de Turismo de Santarém, que acumula reclamações. Nas redes sociais, a insatisfação é visível, embora haja defensores do uso das caixas de som nas praias. O secretário de Turismo Emanuel Júlio, que também é jornalista e produtor de conteúdo sobre turismo, afirmou que o problema é recorrente em balneários do Norte.

“Viajei muito e verifiquei que isso é um problema em quase toda a Amazônia, e que atinge todos nós. Temos que lidar com a reclamação das pessoas em locais de tranquilidade”, revelou.

Praia lotada na alta temporada

Mesma praia à noite

Segundo ele, a prefeitura busca soluções em conjunto com a Secretaria Municipal de Meio Ambiente e não descarta levar o debate à Câmara Municipal para discutir a criação de uma legislação específica.

“A gente sabe que em alguns lugares turísticos como São Paulo e Santa Catarina isso foi tratado com novas leis. O que está ocorrendo é o mau uso do espaço turístico”, concluiu.

Seles Nafes
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