Da REDAÇÃO
O governador do Amapá, Clécio Luís (Solidariedade-AP), viajou às pressas para Brasília na madrugada de hoje (16) após denunciar o que classificou como uma ‘trama’ para aumentar a tarifa de energia elétrica no estado. Segundo ele, estaria sendo articulada uma reunião “a portas fechadas” com o objetivo de reverter uma decisão recente que impediu o reajuste da conta de luz para os consumidores amapaenses.
Em um pronunciamento feito antes do embarque, no hangar do governo do estado, ainda durante a madrugada, Clécio afirmou que a tentativa de aumento é “inaceitável” e representa um desrespeito à população.
“Querem fazer uma reunião a portas fechadas para aumentar a tarifa de energia. Isso é um escândalo contra o povo do Amapá. Já chega de empurrar essa conta para quem já sofre. Eu não vou permitir”, declarou o governador.

Aumento na tarifa poderia desencadear cortes em sequência sem precedentes no estado. Foto: Divulgação
Ele disse ter tomado conhecimento de uma articulação que buscaria desfazer o entendimento que manteve o Amapá fora do reajuste tarifário e prometeu agir diretamente junto à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
“Tem gente trabalhando para garantir o aumento, tudo isso para construir narrativa, sem pensar no povo. Para mim, já deu. Nós não vamos permitir, não vamos pagar essa conta”, afirmou.
A reação ocorre poucos dias depois de o Amapá ter ficado fora da pauta de deliberação que analisaria um reajuste de até 32% na tarifa de energia no estado. A retirada do processo foi resultado da pressão política exercida pelos senadores Davi Alcolumbre (União-AP) e Randolfe Rodrigues (PT-AP), que encaminharam ofício conjunto solicitando que o tema só fosse analisado após a conclusão dos cálculos previstos em legislação federal recém-sancionada.
A norma estabelece a utilização de ativos da União como mecanismo para reduzir tarifas de energia nos estados das regiões Norte e Nordeste, garantindo o princípio da modicidade tarifária. Apesar da exclusão do Amapá da pauta, a reunião foi realizada e aprovou reajustes para outros estados da região, como Acre, com aumento de 11%, e Rondônia, com 15%.

Randolfe e Davi haviam articulado que a o reajuste não fosse votado agora. Foto: Ascom
Alcolumbre afirmou que qualquer aumento sem a aplicação integral da lei não teria base legal ou técnica.
“A análise deve ocorrer apenas depois que todos os cálculos determinados pela legislação forem aplicados. Vou acompanhar de perto para garantir justiça tarifária ao Amapá”, disse o senador.
Já Randolfe Rodrigues reforça o entendimento, destacando que a retirada de pauta assegurou que nenhum reajuste fosse deliberado sem o cumprimento da norma aprovada pelo Congresso.
Para Clécio Luís, a mobilização política que garantiu a suspensão do reajuste não pode ser desmontada nos bastidores.
“Tudo o que era preciso fazer para que esse aumento não ocorresse foi feito. Estão brincando com a nossa cara, mas esse reajuste não vai acontecer”, concluiu o governador.
