Com 23 fihos e 58 netos, viúvo aposta na Mega com números deixados pela esposa

Getúlio Gonçalves Pereira, de 69 anos, é agricultor e morador do bairro Congós, na zona sul de Macapá.
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Por Rodrigo Dias

Sentado ao lado de uma lotérica no bairro Buritizal, em Macapá, Getúlio Gonçalves Pereira, de 69 anos, segurava mais do que um simples volante de aposta. Carregava uma herança emocional.

Agricultor e morador do bairro Congós, na zona sul, ele marcava suas dezenas para a Mega-Sena da Virada com um significado especial: os números foram escolhidos por sua esposa, Marilene da Costa Santos, que morreu há dois meses, vítima de câncer no pâncreas.

Filas estão grandes para quem deseja tentar a sorte

A história de Getúlio e Marilene atravessou mais de quatro décadas. Juntos, tiveram 18 filhos, que somados aos outros de Getúlio totalizam 23 — dos quais 21 estão vivos. Após a morte da companheira, ele encontrou o que chama de um “tesouro” guardado por ela.

“Estava numa pasta, dentro do guarda-roupa. Ela sempre falava: ‘todo tempo tu vai jogar esse número’, e eu sigo na missão”, conta, visivelmente emocionado.

Getúlio: “É muito dinheiro. Eu não ficaria com isso tudo. Ajudaria meus filhos, meus irmãos e tiraria o pessoal da rua”

Veterano nas apostas, seu Getúlio diz que a sorte já “bateu na trave” quatro vezes. Em uma delas, o prêmio escapou por um detalhe cotidiano. Ele entregou o dinheiro a Marilene para registrar o jogo, mas ela se esqueceu. Quando percebeu, correu contra o tempo, mas encontrou as lotéricas fechadas. No dia seguinte, viu no sorteio os mesmos números que havia escolhido.

Desta vez, não quis correr riscos. Chegou cedo à lotérica do Buritizal — a mesma onde, em setembro, uma aposta simples rendeu mais de R$ 1,1 milhão. Com os números da esposa em mãos e a fé renovada, garante que as dezenas permanecem em absoluto sigilo.

Apostadores estão na esperança de ganhar o grande prêmio …

… que pagará R$ 1 bilhão

“É segredo de Estado”, brinca.

Ao ser questionado sobre o que faria com o prêmio estimado em R$ 1 bilhão, a resposta não envolve luxo pessoal, mas solidariedade.

“É muito dinheiro. Eu não ficaria com isso tudo. Ajudaria meus filhos, meus irmãos e tiraria o pessoal da rua. Para mim, é uma tristeza ver gente morando na rua. O que eu ia fazer com tudo isso? Morreria e não acabava”, reflete.

Para Getúlio, a aposta vai além da probabilidade matemática. É uma forma de honrar o último desejo da mulher com quem compartilhou a vida. Se a sorte sorrir desta vez, o prêmio terá o nome de Marilene e o destino da generosidade.

 

Seles Nafes
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