Por PEDRO PESSOA, de Belém
A Praia do Atalaia, em Salinópolis, um dos cartões-postais mais visitados do Norte do Brasil, enfrenta um problema que vem se intensificando nas últimas semanas: o avanço das dunas de areia sobre a orla, afetando diretamente o funcionamento de dezenas de restaurantes e bares instalados na região.
Durante esta época do ano, os ventos fortes aceleram a formação de dunas, que se acumulam rapidamente na faixa de areia. O fenômeno não é novo, mas comerciantes afirmam que, neste ano, a situação atingiu um nível crítico. Em vários pontos da praia, a areia se acumula na frente dos estabelecimentos, formando barreiras que dificultam e em alguns casos praticamente impedem o acesso de clientes, funcionários e veículos de entrega.
Estabelecimentos “afundados” na areia
Com a elevação da areia, muitos restaurantes acabam ficando em um nível mais baixo que a duna recém-formada, uma espécie de “paredão” que precisa ser removido constantemente. A cada nova ventania, o serviço precisa ser refeito.
Comerciantes relatam que, ao chegarem para abrir os estabelecimentos, encontram a entrada parcialmente bloqueada pela areia, o que atrasa a rotina de funcionamento e afasta clientes que não conseguem acessar o local com facilidade.

Nível da areia está bem mais alto que o piso dos estabelecimentos
Comerciantes arcando com custos
Segundo os relatos, cerca de 60% dos estabelecimentos estão pagando do próprio bolso pelo serviço de remoção da areia, que exige máquinas pesadas como tratores e retroescavadeiras. Os custos variam conforme o tamanho da área afetada e podem chegar a milhares de reais por mês.
Os empresários afirmam que, em gestões anteriores da prefeitura, esse trabalho era realizado pelo município periodicamente. Atualmente, segundo eles, o apoio não está sendo oferecido, deixando a responsabilidade exclusivamente nas mãos dos comerciantes.

Areia invade até por baixo do piso
Preocupação com o fim de ano
A maior preocupação é a proximidade das festas de fim de ano, quando Salinópolis recebe uma das maiores concentrações de turistas do Pará. A expectativa é de movimento intenso na virada, principalmente na Praia do Atalaia, que tradicionalmente atrai famílias e grupos de amigos de todo o estado e de outras regiões do país.
Com dunas acumuladas e acessos comprometidos, os comerciantes temem que a falta de estrutura prejudique o atendimento durante o período mais lucrativo do ano. Muitos afirmam que dependem da movimentação de dezembro e janeiro para equilibrar as finanças do restante do ano.

Os custos variam conforme o tamanho da área afetada e podem chegar a milhares de reais por mês
Impactos econômicos e ambientais
Especialistas destacam que a formação de dunas é um fenômeno natural, mas que pode ser controlado ou reduzido com intervenções planejadas, como cercas de contenção, reflorestamento da faixa litorânea e ações contínuas de limpeza e nivelamento.
Enquanto isso, os comerciantes aguardam uma resposta do poder público e cobram uma solução urgente para garantir logística, segurança e acesso aos estabelecimentos durante o período mais movimentado do ano.

