Por SELES NAFES
A Prefeitura de Macapá tornou-se alvo de uma ação na 1ª Vara Cível que apura a suposta falsificação de dois laudos técnicos utilizados para justificar a interdição do Shopping Popular e a retirada forçada de dezenas de empreendedores, hoje trabalhando nas ruas da capital. Paralelamente, a Polícia Civil também investiga os documentos. A sócia de uma das empresas de engenharia registrou boletim de ocorrência para denunciar a falsificação do laudo.
O processo é movido pelo comerciante Elieldo Almeida Marques, representante dos permissionários do shopping. Segundo a ação, o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (CREA-AP) apontou irregularidades graves nos laudos apresentados pela prefeitura — entre elas, a ausência do registro profissional do engenheiro que teria assinado o parecer.
No dia 29 de novembro, a empresária Lívia Costa Jucá, sócia da empresa Nunes e Souza chegou a registrar boletim de ocorrência afirmando que haver claros indícios de crimes no laudo e que o engenheiro Paulo Sérgio Mota, que assina o documento, não faria parte do quadro técnico de sua empresa registrado no CREA.


Primeiro laudo…

…e o segundo: mesmas fotos e textos, apenas com logos diferentes
A situação piorou quando a prefeitura apresentou um segundo laudo, agora atribuído à Nortica Engenharia. No entanto, o documento era praticamente idêntico ao primeiro, alterando apenas timbre da empresa e assinatura, o que resultou numa nova autuação. O secretário de Obras, Cássio Cruz, leu os laudos nas redes sociais afirmando haver risco iminente de colapso na estrutura.
A ação na justiça sustenta que a manobra da prefeitura teria um objetivo claro: criar uma falsa justificativa para demolir o prédio, em descompasso com recomendações técnicas oficiais. Após a interdição, uma avaliação do setor de engenharia do Corpo de Bombeiros descartou qualquer risco de desabamento. Apesar disso, o prédio permanece fechado, e a prefeitura já contratou uma empresa para reformá-lo.

Parece do CREA

Uma das autuações do CREA
Ao todo, 121 comerciantes foram surpreendidos com o fechamento no fim de novembro. Embora a prefeitura alegue que rachaduras comprometem a estrutura, o próprio município confirmou que realizou todas as vistorias necessárias antes da inauguração do empreendimento, em 2021.
“Queremos apenas que as reformas indicadas pelo Corpo de Bombeiros sejam feitas. Precisamos trabalhar, especialmente agora no fim do ano”, diz Elieldo.
A ação pede a suspensão imediata da interdição e de qualquer medida de demolição ou descaracterização do shopping. O documento afirma que os laudos falsos teriam sido usados deliberadamente para retirar os permissionários, provocando prejuízos em pleno período natalino.
