ANDRÉ SILVA
A paixão pelas pistas foi remédio contra a depressão, hipertensão, stress e sobrepeso. Correndo, Fátima Leite alcançou não só a felicidade como 90 medalhas. A atleta é conhecida entre os corredores por correr, na maioria das vezes, fantasiada. O próximo desafio será no dia 4 de março, na primeira maratona do Amapá, com 42 quilômetros de percurso.
Fátima é casada e tem três filhos. Ela é do estado do Amazonas e está no Amapá, vinda de Palmas, no Tocantins, há 22 anos. A atleta conta que chegou ao estado como a maioria dos imigrantes: em busca de um lugar para recomeçar. Ela tem uma loja de armarinho no Centro da cidade.
Quando jovem, na década de 1980, a atleta foi campeã de ciclismo no Amazonas, e chegou a representar aquele estado em competições em outras partes do Brasil. Mas, com o passar do tempo, a responsabilidade com filhos, família e trabalho acabou fazendo com que ela se afastasse da vida esportiva, e, com isso vieram as consequências.
“Acordei como a maioria dos brasileiros: velha, gorda e doente”, conta a empresária, aos risos.
A grande mudança em sua vida aconteceu há três anos, depois de uma crise cardíaca. Em um consultório médico, ela foi orientada a voltar às pistas.
“Eu tive a sorte de encontrar o doutor Brasil e ele me jogou nas pistas de novo. Ele disse: ‘por que você não vai correr?’, e eu disse: não sou mais aquela menina”, recorda Fátima.
A esportista lembra de momentos marcantes nas mais de 90 corridas das quais já participou, entre elas, quando correu com uma das costelas fraturada.
“Fraturei a costela em uma corrida. O Samu veio atrás de mim e queria me levar e eu dizia que queria continuar, eles diziam que não, que eu não poderia, e eu dizia: ‘eu vou’. Eles me acompanharam em dois quilômetros e viram que eu dava conta. Só depois que eu cheguei ao hospital que eu vi que estava com a costela fraturada, mas terminei a corrida”, conta a mulher.
As fantasias que usa nas corridas, diz, são para levar alegria para as competições. Fátima fala que perto dos jovens ela se sente uma garota.
“Querer é poder e Deus me dá esse poder. Junto com os jovens, eu esqueço a idade. Sou uma garota junto com os jovens”, afirma.