CÁSSIA LIMA
Os primeiros índios encontrados pelo navegador e explorador Cristóvão Colombo, em 1492, eram parentes próximos de indígenas do Amapá. Os dados foram divulgados esta semana por uma equipe liderada por Eske Willerslev, do Museu de História Natural da Dinamarca.
A pesquisa fez uma análise genômica de um DNA de esqueleto de uma mulher com quase mil anos de idade, achado numa caverna da ilha de Eleuthera, nas Bahamas. Ao ser separado todo o genoma e comparado com o DNA de membros de outros grupos indígenas, os pesquisadores observaram uma semelhança genômica com etnias como os Palicur, que vivem na fronteira entre o Amapá e a Guiana Francesa.
Historicamente, sabe-se que as Bahamas foram o primeiro local do Caribe e das Américas a ser visitado por Colombo, embora não se saiba com certeza em qual ilha do arquipélago o navegador desembarcou primeiro.
Os principais moradores da região, conhecidos como Taino, foram dizimados por epidemias e expedições escravistas, e a cultura original desapareceu. A principal ligação entre os tainos e os Palicur está na família linguística aruak.
Ao todo, estima-se que de 60 idiomas da família aruak em todo o continente americano, a maior parte está na Amazônia. Os antropólogos e arqueólogos chamam de caráter “hidrocêntrico”, ou seja, eles geralmente estão à vontade na água.
A análise genética revelou ainda que a população dos antigos habitantes do Caribe era bem numerosa, confirmando os relatos dos primeiros colonizadores sobre as comunidades do novo continente.
O encontro de Colombo com os tainos deixou como legado às línguas ocidentais algumas palavras muito usadas ainda hoje, como “tabaco”, “canoa” e “furacão”.
A pesquisa está completa na edição desta semana publicada na revista científica americana “PNAS”.