OLHO DE BOTO
A Polícia Civil do Amapá realizou uma ação na manhã desta quarta-feira (28), no Instituto de Administração Penitenciária (Iapen), para apurar novos casos de extorsão envolvendo o detento José Augusto Miranda, de 43 anos. Foram apreendidos com ele, quatro celulares e oito chips de diferentes operadoras.
Um vídeo divulgado pela Polícia Civil mostra que os aparelhos telefônicos eram escondidos na cela em lugares como a própria cama do condenado e frestas pelo chão. Assista:
Segundo a polícia, o criminoso possui um acervo com grande quantidade de material íntimo de mulheres de Macapá e de cidades de estados como Pará, Rio de Janeiro e Bahia. Ele obtém vídeos e fotos se passando por homens bem sucedidos, usando perfis falsos em redes sociais.
Miranda acumula, por diversos crimes, condenação a mais de cem anos de prisão. Dentre os delitos, estão vários estupros e roubos. No ano passado, a polícia desmontou um esquema montando pelo detento que criava os falsos perfis.
Um dos falsos perfis usado: Thiago Lisboa. Mesmo já estando há mais de 20 anos preso, José Augusto Miranda consegue acessar redes sociais. Imagens: reprodução Facebook
Armadilha virtual: falsos perfis são influentes no Facebook
De acordo com o delegado Leonardo Brito, o criminoso voltou a operar. Somente em um dos perfis, há mais de 4,5 mil amigos. Entre eles, várias pessoas da alta sociedade e servidores públicos, o que ajuda o preso a enganar quem vem a manter contato. As duas principais contas usadas por José Augusto Miranda estão com os nomes “Cristiano Silva” e Thiago Lisboa”.
“Quando ele adicionava uma mulher, ela via que haviam outras no rol de pessoas, por isso davam crédito. Daí, ele sabia toda a rotina das vítimas. As informações, ele pegava para extorquir. Essa extorsão gerava um lucro que era utilizado em outros delitos, como tráfico de drogas e financiamento de assaltos em Macapá e Santana”, explicou o delegado.
Preso acumula condenações por estupros e roubos
Novos comparsas e facilidades
O delegado destacou também que Miranda conseguiu em menos de um ano recrutar novos parceiros que operam as ações do esquema fora do Iapen, arrecadando o dinheiro e em outras atividades ilícitas. Durante a operação da Polícia Civil em 2017, todos os integrantes do grupo haviam sido presos.
“Há uma falha muito grande e ele tem acesso muito fácil a aparelho celular, aos contatos, à própria internet. procuraremos identificar as outras pessoas que estão envolvidas no crime porque as pessoas que ele utilizava no primeiro crime para captar o dinheiro foram presas”, complementou.
Outro falso perfil usado pelo criminoso: Cristiano Silva.
A Polícia Civil irá instalar novos inquéritos com o objetivo de descobrir novas pessoas envolvidas nas ações do detento. Outros três presos estão sendo investigados. Miranda tem mais de 20 anos no sistema penitenciário. O delegado Leonardo Brito avalia que o criminoso continua a realizar o golpe por não ver diferença em um ano a mais ou a menos de prisão.
“Ele acredita na impunidade, por isso continua a delinquir”, destacou Brito.
Delegado Leonardo Brito: preso tem facilidade para seguir com golpes. Foto: Olho de Boto
Operação da Polícia Civil prendeu grupo que dava apoio a Miranda fora da cadeia. Foto: Olho de Boto
Outro grande complicador, segundo a Polícia Civil, é que as vítimas têm medo da exposição. Os valores e a quantidade de pessoas enganadas pelo preso não foram divulgadas para preservar as vítimas. No ano passado, a reportagem do portal SELESNAFES.COM acompanhou a primeira fase da operação que descobriu o esquema e mais de 300 mulheres teriam caído no golpe.