SELES NAFES
No último dia 27, o PTB lançou a pré-candidatura de Lucas Barreto ao Senado. Aos 54 anos, ele enfrentará sua terceira eleição majoritária.
Foi deputado estadual por 4 mandatos, candidato a prefeito (2008) e governador (2010). Na corrida para o governo do Estado, passou para o primeiro turno na dianteira contra Camilo Capiberibe (PSB), vencendo em 14 dos 16 municípios. No segundo turno, o eleitorado de Macapá decidiu. Mesmo vencendo em 11 dos 16 municípios, Lucas perdeu a eleição naquele ano.
Depois disso foi vereador por Macapá, mas, em 2016, não conseguiu a reeleição. Disse mais tarde que focou demais na campanha de reeleição do prefeito Clécio Luis (REDE), quase que abdicando a própria campanha.
Por que a opção pelo PTB? Havia outros partidos interessados em sua candidatura, não?
Sim, tinham. Recebi convite do PSD, por exemplo, mas o PTB é o partido que me deu as garantias da executiva nacional e estadual. Quando saí do PTB para ir pro PSD (em 2010) para concorrer ao governo, eu deixei a porta a aberta. Fui pro PSD naquela época porque havia possibilidade de uma aliança maior, e o PTB entendeu isso. Mas tudo que a gente já ganhou nas eleições sempre foi com o PTB, que me ajudou a construir essa história.
Em algum momento pensou em disputar o governo?
Na verdade as duas candidaturas sempre andaram juntas. Quando o deputado Roberto Jefferson (presidente nacional do PTB) me convidou, houve a garantia de que eu poderia disputar o governo ou o Senado. Mas é difícil, sem mandato, disputar um governo onde só existe uma vaga, principalmente quando já há uma polarização. Consultamos o partido, as nossas bases em todos os municípios, e vimos um cenário melhor para o Senado.
A eleição já está polarizada? Entre quem?
Pelo que a gente ouve na rua a eleição está polarizada entre os dois ex-governadores (Waldez e Capiberibe).
Mas e o senador Davi?
Ele deve disputar como uma terceira via. Mas será uma eleição muito disputada. O fato é que o PTB pode congregar vários partidos. Temos agora uma aliança política com o PDT, estamos apalavrados para uma futura aliança lá na frente. Na proporcional estamos conversando com vários partidos para compor as chapas de federal e estadual.
O governo deverá ter um segundo candidato ao Senado, que deve vir do MDB. Se o senhor pudesse escolher um companheiro de chapa, o senhor escolheria a Fátima ou o Gilvam?
Essa escolha será do MDB. Dentro do arco de alianças do governador ainda podem surgir outros candidatos. Cada partido pode indicar dois candidatos…
Mas é inviável isso ocorrer até por causa do custo de uma campanha para o Senado. O seu partido, por exemplo, só vai indicar o senhor como candidato.
É verdade, muito caro, mesmo. Hoje, apesar de ter o fundo de campanha, isso será rateado pela quantidade de deputados federais. E 30% são para as candidaturas de mulheres.
Qual seria sua prioridade no Senado?
Defender o Amapá. Não adianta enclausurar o Amapá como o coração da Amazônia que precisa ser preservado. Ele já é o mais preservado. O nosso povo está na pobreza contemplando a natureza. Temos quase 100 mil pessoas em condições de trabalho, mas desempregadas. Um senador tem que ajudar na atração de investimentos. Vou defender o Amapá, mostrando aos empresários que o nosso Estado é a última fronteira a ser descoberta. Nós termos porto, posição geográfica privilegiada, temos um cerrado altamente produtivo porque temos luminosidade mais alta, e índices pluviométricos. Não temos seca. Aqui, chove cinco meses e sete meses fazem sol. O Amapá é uma estufa a céu aberto. Estamos livres da aftosa, e agora é a vez da pecuária, da soja e do milho. Temos produtividade.
Você se posicionou a favor da exploração da Reserva Nacional do Cobre (Renca), entre o Pará e o Amapá. Por que?
A Gisele Bunchen é brasileira, mas mora dos Estados Unidos, e criticou a Renca. Mas não disse uma palavra quando os Estados Unidos saíram do acordo do clima (Acordo de Paris). Minério se explora. O instituto que assessora o Pentágono diz que existem mais de US$ 1,7 trilhão em minérios no nosso subsolo. Precisamos explorar com responsabilidade social e ambiental. O Amapá é uma das maiores províncias minerais do Brasil. Sou a favor do manejo florestal, onde para cada árvore derrubada o empresário será obrigado a plantar 10 outras para garantirmos as gerações futuras. Quero defender com unhas e dentes o Estado, convencer a bancada que as emendas precisam ser rateadas pela população. Se Macapá tem 60% da população e o Jari tem 8% dos habitantes, então que 8% das emendas sigam para lá, e assim sucessivamente.
Qual a diferença entre o Lucas de 2010 e o de 2018? O senhor está no mesmo ritmo de 2010?
Estou num ritmo muito maior. Tenho essa capacidade de ouvir as pessoas, as famílias. Sou muito acessível. Como diria o Jarbas Gato (ex-deputado estadual), ‘já estou do meio-dia para a tarde’. Já sou avô, mais amadurecido. Este ano os candidatos terão a oportunidade de defender ideias, e a população tem a obrigação de escolher. Padre Vieira dizia isso: ‘quem tem o poder de decidir pode errar, quem não decide já errou'”.