Ex-jogador quer lei de incentivo ao esporte

Para Ednoelson Trindade, a prática esportiva muda a vida dos jovens
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ANDRÉ SILVA

O Amapá está cheio de pessoas com histórias de superação para contar. Foi em meio a dificuldades que muitos deles deram a volta por cima e hoje colhem frutos do que plantaram no passado.  

Pessoas como o amapaense “da gema”, Ednoelson Trindade, de 45 anos, mais conhecido como Careca. Ele nasceu em Macapá e morou por muitos anos no Bairro Vacaria, que mais tarde passaria a se chamar Santa Inês. Tem quatro filhos e é casado há 21 anos. Ednoelson Trindade começou a trabalhar aos 7 anos de idade com o pai em feiras da cidade, vendendo limão.

Jogou futebol dos 14 aos 21 anos no clube de futebol no Ypiranga e por muito tempo teve que conciliar as duas atividades entre camelô e jogador de futebol. Hoje, Careca é dono de uma franquia de futebol de onde já saíram vários profissionais, tanto na carreira esportista como em outros segmentos.

Ele, que é pré-candidato a deputado estadual pelo Democratas nestas eleições, concedeu uma entrevista ao portal SELESNAFES.COM para contar um pouco de suas experiencias de vida e expectativas com a tentativa de ingresso na vida pública.

Para Careca, orçamento da pasta de esportes do Estado deve ser aumentado. Foto: Cássia Lima (arquivo 2015)

Quando começou a sua relação com o esporte?

O esporte entrou na minha vida quando eu ainda era criança. Jogava muito futlama na orla do Santa Inês, onde antigamente não era só lama, tinha areia também. Aos 14 anos, comecei a treinar no Ypiranga Clube. Na época, jogava no juvenil e dos 18 aos 24 comecei a jogar no time profissional do clube como um volante diferenciado.

Por que decidiu abandonar o futebol profissional?

Meu pai era vendedor de camarão, minha mãe costureira, e desde sempre fui estimulado a trabalhar. Aos 7 anos, fui pra feira vender limão. Depois, por alguns anos, fui para o Mercado Central vender sacola plástica. Aos 12, fui trabalhar como camelô e fiquei até os 20. Isso criou em mim um espírito empreendedor e daí abri meu negócio. Comecei vendendo camisa, depois uma lavagem de carro. Aí depois abri uma lanchonete: a Carecas Lanche. Depois uma espetaria. Tudo isso conciliado ao futebol. Depois, Deus me deu a ideia de abrir um negócio na área do futebol e há oito anos abri minha escolinha de futebol.

Estado precisa aumentar orçamento do esporte e se aproximar dos municípios, diz Careca

Foi aí que começou com escolinha de futebol que tem hoje?

Vi na internet que o Zico estava abrindo uma franquia dele em todo o Brasil. Aí, juntamos um dinheirinho. Com ajuda da minha esposa, que é funcionária pública. A gente comprou a franquia ‘Zico 10’ e desde então estamos trabalhando com essa garotada. Aqui já passaram mais de quatro mil alunos. Surgiram muitos garotos que hoje são formados médico, engenheiros, professores. E também têm muitos que estão jogando em times de fora.

Por que o senhor decidiu entrar para a política?

A política é um instrumento muito forte de transformação dentro da sociedade. O Brasil está vivendo um momento muito ruim, uma crise política profunda. As pessoas estão desacreditadas da política e não querem votar mais em ninguém. Mas em ninguém que elas realmente não confiem. Por isso eu coloquei meu nome para a apreciação, por conta da história, pelo trabalho que faço como desportista e como já fiz como secretário de Esportes do Estado. A gente precisa dar oportunidade para novas pessoas, tanto na esfera estadual como na federal. Precisamos de uma novo modelo de política para governar esse Estado e de novos políticos com novas ideias e apaixonados pela política. Que saia da politicagem e realmente use a política em benefício da sociedade.

Como o senhor vê o apoio do poder público e da iniciativa privada para os novos talentos?

Ainda muito pouco. Sei disso por ter sido secretário da Sedel. Sei da limitação que tem a Secretaria de Esportes. O orçamento da Sedel é muito baixo. Menos de um milhão de reais para investimento em todo o Estado. São 16 municípios e praticamente não chega esse recurso para eles. Então está na hora do próximo governador aumentar de fato esse orçamento para pelo menos R$ 10 milhões de reais para que seja  distribuído para os municípios. Então o Estado precisa fazer um convênio com essas prefeituras e secretarias desses municípios que não consegue alcançar. Acredito que fazendo isso podemos atender federações, clubes, atletas, escolinhas de futebol. Na secretaria tivemos a oportunidade de investir no Venilto Leal [taekwondo] por um ano. Ele deu resultado: foi para as Olimpíadas. Mas falta mais investimentos.

Quais histórias de atletas que mais te emocionaram?

Tem uma história muito marcante na minha cabeça, que é a do lutador de judô paraolímpico, Thiaguinho. Ele foi campeão mundial de judô agora. Thiaguinho luta com garotos da idade dele sem deficiência. Ele para mim é o maior exemplo de superação. Na história do futebol tem o Igor, que saiu aqui da escolinha e hoje joga no Coritiba. Ele nasceu no Curiaú e cresceu no Laguinho e hoje veste a camisa de um dos maiores times de futebol do Brasil.  

O que o senhor acha que a Assembleia Legislativa poderia fazer por esses garotos e garotas que querem ser atletas?

Acho que a assembleia tem esse papel, de poder olhar cada segmento, e o segmento esportista é muito importante. Ele é a maior ferramenta de inclusão social, então temos que ter ferramenta para esse público. Porque o esporte previne doenças, previne problemas na segurança e na educação. Minha proposta como candidato é criar lei de incentivo ao esporte. Porque a classe empresarial vai poder investir em clubes e em federações e ter um retorno com isso, no que diz respeito ao ICMS. Outra lei que eu vou propor é que o Estado possa contratar esses professores de escolinhas de futebol, artes marciais, dentre outros, para trabalhar na comunidade. Acho que eles são abnegados por essa causa. Alguns há 20 anos cuidam de garotos tanto na área do futebol, como na capoeira ou artes marciais, e não têm apoio do Estado. Como político vamos ter um olhar voltado para esse tipo de trabalho. Às vezes os caras não tem nada para comer em casa, mas estão ali dando o sangue por esses jovens e adolescentes.

Seles Nafes
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