DA REDAÇÃO
Um estudo realizado por pesquisadores da Universidade Federal do Amapá (Unifap) indica o desaparecimento do quelônio da espécie tracajá como um dos efeitos da instalação da hidrelétrica Cachoeira Caldeirão, no Rio Araguari. O enchimento do reservatório da empresa de 20 quilômetros a mais do que o previsto no Estudo de Impacto Ambiental (EIA/Rima) é outro aspecto apontado.
O cenário foi apresentado ao Ministério público do Amapá (MP-AP) pelos pesquisadores do programa de biodiversidade tropical, Darren Norris e Fernanda Michalski, revelando os impactos ambientais causados com a construção da barragem.
A reunião para apresentação aconteceu no Complexo Cidadão Zona Norte, na sexta-feira (19), com a presença do promotor de justiça da Comarca de Porto Grande, Wueber Penafort, assessor técnico do Ministério Público do Amapá (MP-AP), Alcione Cavalcante, representantes da Secretaria de Estadual de Meio Ambiente (Sema), Ibama e Instituto de Meio Ambiente e de Ordenamento Territorial do Amapá (Imap).
Desde 2011 os docentes e discentes da pós-graduação monitoraram cerca de 150 km dos rios Araguari e Fausino, para avaliarem a formação de ninhos e desova de tracajás. Eles identificaram que após a instalação da barragem, 41 praias foram alagadas, e 106 sítios de nidificação ficaram submersos com o preenchimento do reservatório.
Outra constatação do estudo é relacionada à população, que sofre os efeitos da hidrelétrica com as inundações do Rio Araguari, que afetam residências e plantações.
MP
O promotor Wueber Penafort afirmou que a conclusão dos estudos é impactante, e caso seja comprovado o dano ambiental, o MP-AP irá cobrar compensação e reparação civil e penal. Ele pontuou também que o caso não requer mais confirmar de quem é a responsabilidade, uma vez que os fatos estão comprovados, e que é preciso achar uma solução.
Penafort disse ainda que irá aguardar que todos os representantes de instituições tomem conhecimento do estudo científico e respostas do Imap e da Cachoeira Caldeirão, para que apresentem alternativas. No próximo dia 29 de outubro haverá uma nova reunião através de videoconferência.
Foto de capa: Luciano Candisani (ilustração/reprodução)