Mulheres do Ambrósio buscam transformação social aprendendo fabricação de semi-jóias

Curso foi idealizado pela Promotoria de Justiça do MP, com apoio da Tjap, Amcel e da Escola Estadual Afonso Arinos
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INFORMATIVO

Vinte e cinco donas de casa de uma das comunidades mais pobres e violentas do Amapá ganharam a oportunidade de mudar de vida através do artesanato. Na última terça-feira (7), as moradoras da Baixada do Ambrósio, no município de Santana, a 17 quilômetros de Macapá, começaram a aprender como transformar o que antes ia para o lixo em semi-jóias e artigos de couro que são valorizados e facilmente vendidos no mercado.

O curso foi uma iniciativa da Promotoria de Justiça do Ministério Público em Santana, que queria implantar o conceito de justiça restaurativa.

“Como tínhamos dificuldade de penetrar na comunidade, que está muito paralisada, fomos buscar parceiros, e para trazer os moradores nós trouxemos o curso. Além das ferramentas, trouxemos a estrutura para essa transformação social”, explicou a promotora de Justiça, Sílvia de Souza Canela, idealizadora do projeto que rapidamente ganhou o apoio do Tribunal de Justiça.

“Surgiu da vontade de instalar dentro da comunidade a justiça restaurativa. Como a Comunidade do Ambrósio é considerada uma das mais frágeis de Santana, onde há muitas demandas sociais e violência, nós resolvemos fazer dentro da comunidade”, acrescenta a juíza cível e criminal de Santana, Carlini Nunes, que começou a trabalhar na organização do projeto há um ano.

Heloisa Melém, da Amcel: empresa comprou material didático para o curso, e está disposto a apoiar outros projetos. Fotos: Seles Nafes/Alcione Maciel (Amcel)

Curso vai durar 60 horas

Escola de Pesca, Promotoria, Amcel e direção da Escola Afonso Arinos: transformação social

Neste primeiro curso, participarão 25 mulheres do Ambrósio

Decisão tomada, faltava o apoio financeiro para viabilizar a ideia. A Promotoria e o Tjap encontraram apoio do Sebrae e da Amcel, que comprou todo o material didático necessário para a realização do curso de semi-jóias e artesanato em couro.

“É sempre muito confiável apoiar projetos que tenham respaldo do Ministério Público e do Tribunal de Justiça, que já são nossos parceiros de longa data. E nesse projeto você percebe a sustentabilidade que transforma vidas. Não adianta reclamar. Tem que botar a mão na massa a fazer”, destaca a relação públicas da Amcel, Heloisa Melém.

As aulas do curso, que terá 60 horas de duração, serão ministradas pela Escola Técnica de Pesca do Amapá, entidade que já ministrou o mesmo curso em comunidades carentes dentro e fora do Amapá, como no Estado da Paraíba.

“Estamos aqui hoje para fazer esse curso 100% para mulheres do Ambrósio. Temos a parte teórica e prática, mas aqui vamos direto para a prática, que é a montagem das peças”, adiantou o diretor da Escola Técnica de Pesca, Everaldo Borges.

Auditório Ubuntu: união e reforma

Rotina na Escola Afonso Arinos

Limpeza, organização e baixo índice de evasão

Esforço coletivo

O local escolhido para o projeto também é emblemático. A Escola Estadual Afonso Arinos, na Área Portuária de Santana, tinha sérios problemas com violência e tráfico de drogas entre os alunos, e hoje é um sucesso em transformação social.

Quando passou a ser dirigida pela PM, no conceito de gestão compartilhada do governo do Estado, a mudança foi impactante. A escola é impecavelmente limpa e organizada, com baixíssimo índice de evasão e reprovação.

Tenente Leandro Cruz, diretor da Escola Afonso Arinos lembra que os moradores do Ambrósio nunca participavam dos cursos oferecidos pela polícia, independentemente de qual curso era. O sucesso da escola militar dentro da comunidade acabou avalizando e conquistando a confiança dos moradores.

“Conseguimos preparar um espaço apropriado para os cursos que foi reformado graças a um bazar do Tribunal de Justiça e do Ministério Público. O dinheiro arrecadado foi repassado para a administração da escola que fez a reforma e batizou a sala de Ubuntu, dialeto africano que expressa união de esforços”, explica o diretor da Afonso Arinos.

Conforme o cartaz informa na porta do auditório, Ubuntu quer dizer: “eu sou, como nós somos”. 

Seles Nafes
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