Mortandade no Araguari completa 3 anos sem indenização a pescadores

Pescadores, Imap e ministérios públicos Estadual e Federal responsabilizaram a Ferreira Gomes Energia, que pagou um acordo de R$ 4,8 milhões para realização de estudos
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SELES NAFES

Uma das maiores tragédias ambientais do Amapá está completando 3 anos. No dia 13 de novembro de 2015, em plena piracema (época de reprodução) pescadores do município de Ferreira Gomes, a 135 quilômetros de Macapá, avistavam centenas de peixes mortos boiando no Rio Araguari, fenômeno que mais tarde foi explicado pelo Imap como efeito colateral da atividade na hidrelétrica da Ferreira Gomes Energia.

Peixes mortos tirados do Araguari em Ferreira Gomes: prejuízo em plena época de reprodução dos peixes

Até hoje, os moradores ribeirinhos aguardam uma compensação pelo prejuízo que se repetiu outras vezes, supostamente pela atividade de abertura e fechamento das comportas, movimento que teria sido responsável pela super oxigenação da água, conforme atestou o laudo pericial Imap, que chegou a aplicar uma multa de R$ 15 milhões na empresa, que recorreu.

O caso foi parar no Senado e na Justiça, com ações civis movidas pelos ministérios públicos estadual e federal. A mobilização culminou na assinatura de um termo de ajuste de conduta, o famoso TAC. Pelo acordo, a empresa se comprometeu a liberar mais de R$ 4,8 milhões para órgãos de pesquisa realizarem estudos, mas nenhum centavo foi repassado às famílias de pescadores.

“Fomos atingidos, denunciamos e não fomos ouvidos. Não participamos do TAC assinado. A empresa tinha sugerido um valor de R$ 6,5 milhões, mas o TAC foi assinado com um valor inferior e os atingidos ficaram sem compensações”, diz o presidente da Associação de Atingidos por Barragens (Atimba), Moroni Guimarães.

Em abril deste ano, famílias caminharam até a sede da Promotoria de Porto Grande. Fotos: Arquivo

Funcionários da hidrelétrica Cachoeira Caldeirão, em Porto Grande, recolhem peixes mortos

A entidade afirma que famílias de pescadores foram atingidas em todo o chamado “Baixo Araguari”, que compreende os municípios de Ferreira Gomes, Porto Grande, Cutias do Araguari e Amapá. Só em Ferreira Gomes existem 350 famílias de pescadores.

Guimarães diz que as famílias só não ingressaram com ações judiciais porque não possuem documentos e laudos que comprovem as causas da mortandade. Contudo, existe um estudo do Imap em um dos processos judiciais movidos pelo MP Estadual.

A mortandade na zona de atividade da Ferreira Gomes Energia ocorreu cinco vezes, segundo a Atimba. O mesmo fenômeno se repetiu também em Porto Grande, onde funciona a hidrelétrica Cachoeira Caldeirão, da EDP.

Ao contrário de anos anteriores, desta vez não houve nenhum ato público dos pescadores lembrando as mortandades.

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