ANDRÉ SILVA
Até o dia 3 de novembro deste ano, 43 pessoas tiraram a própria vida no Amapá. Desses, 18 eram jovens de 20 a 29 anos, do sexo masculino. O assunto foi discutido na quarta-feira (28), no auditório da Universidade Estadual do Amapá (Ueap), durante o “1º Fórum da Juventude sobre o Combate ao Suicídio”. O evento foi promovido pela Secretaria Extraordinária para Políticas de Juventude (Sejuv) e reuniu cerca de 300 participantes.
Entre os adolescentes de 10 a 15 anos, esse tipo de morte não era registrada desde 2015, quando foi notificado um caso. Este ano, os suicídios nessa faixa etária já somam 4. Os dados são da Superintendência de Vigilância em Saúde (SVS).
Salvo por Deus
Cristiano Vaz, de 25 anos, poderia ser mais um nessa estatística não fosse, segundo ele, a coragem para procurar ajuda e uma boa conversa com amigos. O estudante disse que tentou o suicídio duas vezes, todas estimuladas pela depressão. Em uma delas, quase ingeriu veneno para rato, em outra pensou em se jogar de uma ponte.
Em 2015, ano da primeira crise de depressão, ele cursava odontologia. A faculdade exigia uma rotina de estudos muito pesada. Além dos estudos, a falta de uma boa relação familiar também acabava servindo de combustível para a crise interna do jovem.
“Era uma situação muito nova pra mim. Eu nunca tinha sentido isso antes e por conta disso, e da falta de compreensão da minha família sobre o assunto, acabava piorando mais. Na última quinta-feira de dezembro daquele ano, comprei uma garrafa de água e chumbinho [veneno para rato] e fui para a Biblioteca Pública. Sai de lá fui pra Fortaleza de São José. Queria morrer lá, com uma brisa no rosto”, relatou
Vaz lembrou que no momento em que bolava esse plano, veio à memória a lembrança de que, às 12h de todos os dias, havia culto de oração em uma igreja que ele já havia participado e ficava perto. Chegando no local, ele conheceu uma pessoa que já havia passado por uma situação parecida. Logo, fez amizade e melhorou.
“Um cara com depressão parece sempre estar normal. A gente não sabe o que ele está passando. Então, se você ver uma pessoa que antes conversava muito e de repente mudou, conversa com ela. Uma conversa ajuda muito”, aconselhou o jovem.
1° Fórum
O objetivo do 1º Fórum de Combate ao Suicídio foi proporcionar um diálogo entre jovens sobre o assunto. Participaram do evento grêmios estudantis, escolas, grupos culturais e autoridades locais.
“A ideia é percorrer as escolas levando profissionais e estabelecer o debate mais amplo dentro do ambiente escolar”, ressaltou o secretário de Juventude do Estado, Pedro Filé.