SELES NAFES
O governador do Amapá, Waldez Góes (PDT), se disse otimista após a reunião dos governadores com o novo ministro da Justiça, Sérgio Moro. Os governadores deixaram claro que é preciso buscar o fortalecimento da vigilância nas fronteiras e meios para agilizar a liberação de recursos que possam enfraquecer o crime organizado nos presídios. O Amapá faz fronteira com a Guiana Francesa e o Suriname em seus dois extremos: Oiapoque e Laranjal do Jari.
O encontro aconteceu durante o Fórum Nacional de Governadores, no início da tarde desta quarta-feira (12), em Brasília. A reunião também demonstrou que os governadores deverão continuar trabalhando pautas conjuntas, numa estratégia criada há 4 anos com a criação do fórum.
Desde o fim das eleições, os governadores já se reuniram duas vezes, e planejam realizar o terceiro encontro no início de fevereiro. O fórum tem priorizado discussões sobre saúde, segurança e desenvolvimento.
“Para demonstrar a importância do fórum, por exemplo, você deve lembrar reivindicamos o direito de receber a partilha das multas do repatriamento de recursos. O que não deu para resolver administrativamente nós judicializamos no Supremo”, lembrou o governador Waldez em entrevista ao Portal SN. O Amapá recebeu mais de R$ 200 milhões com a repatriação.
Nova lógica
No encontro desta quarta-feira, o sistema penitenciário e a vigilância nas fronteiras dominaram os debates por uma lógica que só agora começou a ser compreendida pelos governadores do Sudeste e de outras regiões.
“Esse problema da violência em São Paulo, Rio de Janeiro e outros estados começa com a entrada de drogas e armas pelas fronteiras. Agora virou tema nacional, e 100% dos governadores fala sobre isso”, justificou Waldez.
Os governadores pediram a continuidade de algumas políticas de segurança pública, como a que criou o Ministério da Segurança Pública. Os governadores avaliam que houve avanços com a criação da nova pasta sob o comando de Raul Julgman.
Mas há reclamações sobre as regras de liberação e aplicação de recursos. A ideia dos governadores é que a dinâmica para a segurança pública seja a mesma que já ocorre nas áreas da saúde e educação, onde se apresentam projetos e ocorre a liberação dos recursos.
“No fundo penitenciário temos recursos em conta há dois anos e não conseguimos aplicar. E isso ocorre com todos os estados. O Ministério da Justiça tem uma equipe pequena para avaliar demandas de todas as 27 unidades da federação”, explicou o governador.
Outro avanço citado por Waldez foi o conceito de que os problemas de segurança, especialmente do sistema penitenciário e das fronteiras, são uma responsabilidade nacional.
Sérgio Moro fez uma palestra de 30 minutos e depois ouviu os governadores. Em janeiro deverá ocorrer o fórum de secretários de segurança pública para dar continuidades nas pautas.
Waldez estava acompanhado do secretário de Segurança Pública do Amapá, coronel Carlos Souza, e do vice-governador eleito, Jaime Nunes (Pros).
“Ficou evidente que a solução dos estados maiores passa pelo investimento nas fronteiras e penitenciárias. Somente construir penitenciárias não é a solução. É necessário ter investimentos no social, educação e fortalecimento do aparato policial”, comentou o Jaime Nunes.