Davi é o novo presidente do Senado

Depois de uma tentativa de fraude, houve nova votação e Renan retirou a candidatura durante segunda eleição
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Por SELES NAFES

Depois de dois dias tensos, com articulações que duraram a noite toda, roubo de documentos, judicialização no STF e tentativa de fraudar a votação, o senador Davi Alcolumbre (DEM-AP) foi eleito o novo presidente do Senado. O declínio de candidaturas, em especial da senadora Simone Tebet (MDB), e o sentimento “anti-Renan” ampliaram a vantagem de Davi sobre Renan Calheiros (MDB-AL), que chegou a retirar a candidatura durante uma segunda votação.

A grande polêmica do segundo dia de eleição ocorreu durante a apuração dos votos, quando foi descoberto que um senador votou em duas cédulas, ou seja, em vez de 81 votos haviam 82 na urna.

O Senado amanheceu o sábado (2) com a notícia de que o ministro Dias Toffoli havia cancelado a votação aberta, conforme havia decidido o plenário do Senado na noite de sexta. A sessão foi suspensa e reuniões de articulação entraram pela madrugada.

No gabinete de Tasso Jereissati (PSDB-CE), senador que quase foi agredido por Renan na noite de sexta, reuniram-se senadores de vários blocos para consolidar apoio a Davi Alcolumbre.

Depois do meio-dia, a sessão foi retomada e passou a ser conduzida pelo senador José Maranhão (MDB-MA), de 85 anos, como o mais idoso da Casa, que passou a conduzir os trabalhos com muita dificuldade. Extremamente perdido, o aliado de Renan precisou contar muito com o apoio de 3 assessores que não saíam de trás dele.

Voto em cédula

Maranhão teve que colocar em votação proposta para que o voto fosse colocado em cédula de papel, o que permitia certa transparência, já que cada um poderia declarar abertamente em que votou.

Perdido: José Maranhão deixou Renan falar por quase 30 minutos. Foto: Agência Senado

Simone Tebet poderia ter enfrentado Davi, mas retirou candidatura

Com essa estratégia, o grupo de Davi queria identificar os senadores que votassem em Renan Calheiros, o que aumentaria a pressão da opinião pública sobre os aliados do senador alagoano. A proposta foi aprovada.

Major Olímpio (PSL-SP), Simone Tebet (MDB-MS) e Álvaro Dias (Podemos-PR) retiraram suas candidaturas. Simone Tebet, que vinha sendo cotada para disputar um possível 2º turno contra Davi em vez de Renan Calheiros, declinou da candidatura logo após o discurso de Davi Alcolumbre.

No fim do discurso, o senador do Amapá deixou o texto lido e passou a improvisar se dirigindo diretamente a Simone Tebet. Disse que ela era uma “gigante”, e pediu o apoio dela.

Funcionou. Logo em seguida, Tebet pediu a palavra no plenário e disse que não tinha problemas em declinar. E foi além, assumindo publicamente que votaria em Davi, mesmo pertencendo ao MDB.

Bancada do Amapá atuou fortemente na busca por votos. Foto: Olímpio Guarany

Sem pulso, José Maranhão permitiu que Renan Calheiros se pronunciasse na tribuna por quase 30 minutos, 20 a mais do que o tempo regimental.

Após o discurso de Renan, o presidente dos trabalhos iniciou o processo de chamada dos senadores para votar por ordem de criação dos estados. Os senadores autenticavam as cédulas e muitos mostraram para as câmeras dos jornalistas em quem tinham votado. Quase no fim da votação, outro candidato declarou voto em Davi Alcolumbre, desta vez Álvaro Dias.

Os senadores do Amapá foram quase os últimos a serem chamados para votar. Randolfe Rodrigues (Rede) e Lucas Barreto (PSD) declaram voto em Davi antes de subirem para receber as cédulas de votação.

Segunda votação

Depois de menos de 1 hora, os votos foram reunidos, mas os escrutinadores descobriram que havia 1 voto a mais na urna. Houve uma intensa discussão com defesas para anulação da votação e para anulação de apenas os dois votos. Venceu a proposta de realizar nova votação. Os votos foram rapidamente destruídos, e a identidade do senador que fraudou talvez nunca será revelada.

Os senadores decidiram realizar uma nova votação. Quando o novo processo já havia começado Renan Calheiros assistiu a declaração de voto do senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) a Davi Alcolumbre e anunciou que estava retirando o nome da disputa. Espiridião Amim (PPS-SC) ainda tentou uma manobra para que uma terceira votação fosse realizada entre ele e Davi, mas os senadores concluíram que a votação já estava em andamento quando o senador alagoano declinou. 

Às 18h, os escrutinadores anunciaram o resultado. Davi foi eleito com 42 votos. Renan teve 5 votos, Collor teve 3 e o restante foi dividido entre Espiridião Amin e Regufe (sem partido-DF)

Com 41 anos, Davi passa a ser o senador mais jovem a assumir a presidência do Senado e o primeiro nascido no Amapá a exercer a função. Davi foi vereador de Macapá, deputado federal por 3 mandatos e está na metade do primeiro mandato de senador. 

 

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