Por SELES NAFES
A eleição da Assembleia Legislativa nesta terça-feira (5) deverá reconduzir o deputado Kaká Barbosa (PR) para mais dois anos à frente do Legislativo do Amapá. No entanto, a provável vitória não será uma unanimidade.
O desgaste gerado a Kaká por uma série de ações penais na justiça criminal e cível, todas relacionadas a crimes de corrupção, alimentou uma dissidência no grupão que sempre apoiou o presidente, que agora tenta o terceiro mandato.
No ano passado, o desembargador Carmo Antônio de Souza, do Tribunal de Justiça do Amapá, mandou anular o acordo de leniência firmado com o Ministério Público onde Kaká se comprometia a devolver mais de R$ 2 milhões recebidos indevidamente como verba indenizatória.
Em janeiro, depois de se arrastar por quatro anos longos anos, uma das ações penais contra ele teve o julgamento marcado para o próximo dia 13 de fevereiro. O pedido de inclusão do processo na pauta de julgamento foi um pedido do desembargador Carmo Antônio, que manifestou preocupação com a demora para o julgamento diante da quantidade de recursos protelatórios interpostos por seus advogados, todos querendo suspender o trâmite da ação. Se for condenado, Kaká poderá ter a prisão decretada e até perder o mandato.
Força
Apesar da situação complicada na justiça, na semana passada Kaká Barbosa mandou divulgar uma foto nas redes sociais mostrando que conseguiu, de alguma maneira, atrair a maioria dos 24 deputados para seu projeto de perpetuação no poder.
A foto tinha 16 deputados. Emissários do presidente espalharam que outros três parlamentares não estavam na foto porque estariam viajando.
Apesar da demonstração de força, o único oponente não recuou. Antônio Furlan nunca foi um grande tribuno e nem um dos que mais apresentou projetos de lei com relevância.
No entanto, com um discurso que pegou carona no entendimento popular de que a Assembleia drena dinheiro demais de um Estado pobre como o Amapá, ele passou a ganhar apoio, especialmente dos novos deputados.
Na semana passada, ele registrou em cartório uma carta de intenções onde se compromete em reduzir o orçamento da Assembleia, caso seja eleito o novo presidente. A estratégia agradou opositores de Kaká.
Dos 7 parlamentares que o apoiam, dois deles estão aderindo à chapa na marra. São eles, a deputada estadual Cristina Almeida (PSB), que estava no grupo de Kaká, e Jaci Amanajás (MDB), ex-presidente da Assembleia.
Jaci chegou a compor com Furlan no primeiro momento, mas depois mudou de ideia, e de lado. No dia 30 de janeiro, no entanto, o presidente nacional do partido de Jaci, o ex-senador Romero Jucá (RR), enviou ofício ao MDB do Amapá determinando que o deputado passe a compor com Antônio Furlan.
Fato parecido ocorreu com o PSB. O partido diz que, em 2018, houve excesso de arrecadação na Assembleia Legislativa da ordem de R$ 28 milhões a um alto custo para a sociedade.
“(…) Esse cenário perverso se deu sobre a liderança do atual presidente da ALEAP, Kaká Barbosa, que além disso responde a diversos processos cíveis e criminais”, diz uma carta assinada pelo presidente do PSB, o ex-senador João Capiberibe.
Capiberibe avaliou que a proposta de Furlan em contingenciar o orçamento da Assembleia em 20% é condizente com os ideais do PSB, por isso Cristina Almeida está orientada a votar na chapa encabeçada por Furlan. Resta saber se os dois deputados irão obedecer.
A eleição está marcada para esta terça-feira, no plenário provisório da Alap no Centro de Convenções João Batista Picanço.